País

Portugal vai mostrar trabalho feito e procurar novos negócios no Fórum da Água

None

Portugal vai aproveitar o Fórum Mundial da Água para mostrar o “excelente trabalho” feito neste setor e aproveitar o interesse suscitado como parceiro em projetos no estrangeiro para procurar novos negócios, afirmou ontem o ministro do Ambiente.

Um dos objetivos da “forte aposta” de Portugal no 8.º Fórum Mundial da Água, que começa hoje a em Brasília, é “poder mostrar-se como um país que tem feito um excelente trabalho neste domínio que vai muito além da ação governativa e municipal”, disse à agência Lusa João Matos Fernandes que vai participar na reunião internacional.

“Estamos a ser cada vez mais procurados e o entendimento com a Índia e com empresas indianas é muito claro para sermos parceiros no desenvolvimento de projetos na África que fala português”, assim como em outros países, como a Costa do Marfim ou a Tanzânia, que “são novos mercados para as empresas portuguesas” no setor da água, avançou.

O pavilhão de Portugal na iniciativa organizada pelo Conselho Mundial da Água, que decorrerá até sexta-feira, mostra através de aplicações digitais o trabalho feito no setor, as empresas e cerca de 300 projetos que desenvolvem em todo o mundo, e será palco para várias sessões dedicadas a temas relacionados com um recurso cada vez mais escasso em algumas regiões do mundo.

Na delegação portuguesa, com cerca de 70 elementos, estão representantes políticos, como o ministro do Ambiente, os secretários de Estado do Ambiente, Carlos Martins, e dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro, deputados e autarcas, mas também várias empresas, como a Águas de Portugal, ou instituições, como a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR).

João Matos Fernandes vai aproveitar a deslocação a Brasília para encontrar-se com outros governantes como o ministro dos Recursos Hídricos da China e a ministra espanhola que tutela o Ambiente, Isabel Garcia Tejerina, com quem deverá analisar o protocolo entre os dois países relacionado com os projetos que podem ter impactos ambientais transfronteiriços.

“Portugal tem hoje um conjunto de competências científicas, técnicas, de estudo, de construção e exploração de sistemas com empresas públicas e privadas que já está internacionalizado. Não estamos a iniciar um processo, [já está a decorrer] mas pode alargar-se”, apontou o ministro.

A definição da água e a sua boa gestão como um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, “significa a convergência de grandes valores de subvenções financeiras, nomeadamente a partir do Banco Mundial e outras instituições multilaterais de financiamento”, recordou Matos Fernandes.

Aquelas instituições, disse, “cada vez mais estão a fazer convergir os seus investimentos para o problema da falta de água que é também um problema de saúde pública”, já que meio milhão de pessoas morrem por ano devido a problemas relacionados com água contaminada.

“Portugal tem grande capacidade de participar e até liderar alguns desses processos e isso já é muito visível naquilo que fazemos diretamente”, como os projetos da Águas de Portugal em Moçambique, apontou o ministro.

O setor da água, “é muito importante para a economia, participa de forma cada vez mais ativa na chamada economia 4.0”, realçou.

Cada vez mais, especificou o ministro, esta é uma indústria em que “a gestão e a tecnologia fazem parte da eficiência dos sistemas” em vertentes como o controlo da água não faturada ou as plataformas tecnológicas para gerir o conjunto do ciclo urbano da água.

Em Portugal existem empresas produtoras de ‘software’ que estão a internacionalizar-se e “certamente vão mostrar-se muito bem em Brasília”, exemplificou.

O Fórum Mundial da Água, que se realiza pela primeira vez num país de língua portuguesa, é uma oportunidade para discutir o tema da água, quando dois mil milhões de pessoas, mais de um terço da população mundial, não tem água potável.

A bacia mediterrânica é um dos locais onde se coloca o problema da escassez de água, e “Portugal ainda é dos menos afetados”, porém, em regiões como a África subsaariana “a água até existe mas há gravíssimos problemas de infraestruturas que fazem com que não chegue às pessoas”, salientou o governante.