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Líder da CGTP diz que comentários de “outros” podem “complicar” luta dos docentes

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O secretário-geral da CGTP lembrou hoje que a contagem do tempo de serviço congelado aos professores é “matéria de negociação” entre sindicatos da classe e Governo, podendo comentários de “outros” vir a “complicar” a capacidade negocial.

“Era bom que outros que não têm diretamente a ver com o assunto tivessem mais cuidado em não se pronunciar sobre coisas e sobre propostas” nesse âmbito, alertou o líder da CGTP, Arménio Carlos, em declarações à agência Lusa.

Esses comentários feitos por “outros”, continuou Arménio Carlos, “em vez de ajudar a resolver o problema” dos docentes, podem “vir a complicar ou a dificultar a capacidade de negociação dos sindicatos dos professores”.

O secretário-geral da CGTP falava à Lusa após participar, durante a manhã, em plenários com trabalhadores de duas empresas de mármores de Vila Viçosa, no distrito de Évora.

Questionado sobre a entrevista de Carlos Silva, líder da UGT, publicada hoje no jornal Público, que titula que esta central sindical “aceita passar conta dos professores para futuro Governo”, o secretário-geral da CGT escusou-se a tecer considerações sobre o faseamento do pagamento das verbas relativas ao congelamento das carreiras dos professores.

“A UGT terá as posições que muito bem entender. Da parte da CGTP, entendemos que essa é uma matéria de negociação com os sindicatos” e, no caso dos professores, com a Fenprof, afirmou.

Cabe à Fenprof, assinalou, “distinguir aquilo que é o essencial daquilo que é o acessório” e, por isso, a CGTP considera “prematuro” fazer “comentários de outra natureza”.

“Nomeadamente como aqueles que ouvimos para um faseamento de sete ou oito anos do pagamento daquilo que é devido aos professores”, até porque “ainda hoje” vão ter lugar negociações com o Governo, frisou.

O líder sindical insistiu que, “mais do que falar, é preciso ter bom senso para evitar que, em vez de ajudar a resolver problemas, se estejam a criar problemas e, sobretudo, a condicionar a margem de manobra e a autonomia e capacidade de intervenção dos sindicatos dos professores”.

A secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, já deu a “indicação”, na quarta-feira, do “reconhecimento da totalidade do tempo” de serviço dos professores, o que, “até agora não era reconhecido em termos de carreira”, mas ainda “falta formalizar por escrito” essa “primeira conclusão”, argumentou Arménio Carlos.

“Agora, tem que se negociar a segunda, que é o pagamento das respetivas importâncias” aos docentes, destacou, defendendo que, em relação a este aspeto, o Governo “já pode dar um sinal”, porque “há dinheiro”.

“É uma questão de opção. Se o Governo optar por encontrar soluções, mesmo que seja de forma faseada, já pode dar um sinal que vá para além daquele que já manifestou no Orçamento do Estado para 2018 (OE2018)”, disse.

O que é preciso é reduzir a “despesa supérflua” que, defendeu, existe na proposta do OE2018 e “responder àqueles que, neste momento, são credores do Estado e do Governo”, como é o caso dos professores, que são “credores privilegiados porque são trabalhadores” e “não têm outros rendimentos”.