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Lesados do Banif suspenderam suportes de comunicação em resposta ao protesto do Santander

A Alboa diz que o Santander Totta considerou abusiva a utilização do nome, marca e imagem do banco nas sua comunicações, mas fê-lo em tom “desapropriado e ameaçador”

Os lesados do Banif encontram novas formas de protesto após a queixa do Santander.   Foto TIAGO PETINGA/LUSA
Os lesados do Banif encontram novas formas de protesto após a queixa do Santander. Foto TIAGO PETINGA/LUSA

A associação que representa os lesados do Banif (Alboa) anunciou hoje que suspendeu e reformulou os seus suportes de comunicação, depois de o Santander Totta ter considerado abusiva a utilização do nome, marca e imagem do banco.

Numa carta de resposta à missiva que tinha recebido na semana passada dos escritórios de advogados que representam o banco, apesar de considerar “desapropriado e ameaçador” o tom em que a missiva foi feita, a Alboa explica que cumpriu os três dias que o Santander tinha imposto para que as referências ao banco fossem retiradas.

Na carta de resposta, a que a Lusa teve acesso, a Alboa adianta que “os lesados do Banif ou os Antigos Clientes do Banif “viram as suas situações financeiras transitadas para o Banco Santander Totta, de uma forma unilateral, com alteração das cláusulas contratuais das suas contas”.

“O Banco Santander Totta manifestou interesse no Banif, pelo menos desde julho de 2015 e aceitou o negócio em dezembro seguinte, prescindindo da Due Diligence. Correram o risco para ganhar dinheiro. Um desses riscos seria sempre a animosidade e a insatisfação dos ‘Antigos Clientes do Banif’”, explica a Alboa.

Considera ainda o tom da missiva dos escritórios de advogados que representam o Santander -- Úria Menéndez Proença de Carvalho -- desadequado alegando que os Antigos Clientes do Banif, agora clientes do Santander Totta, “não foram tidos nem achados para a eventual autorização de transferência das citadas contas” e, por consequência, não lhes foram garantidos direitos.

“Daí não ser de estranhar se considerarem também lesados do Santander Totta”, acrescenta a Alboa.

A associação sublinha que “hoje o Santander Totta exclui a responsabilidade futura sobre os produtos emitidos pelo Banif”, mas recorda que o banco “continua a exigir a liquidação dos empréstimos contraídos para a aquisição dos mesmos e cobrar comissões que anteriormente não eram aplicadas”.

“O Santander Totta tem que definir claramente se os clientes (”ex-Banif”) Têm mais valor e importância do que serem só uma referência numérica, abstrata e rever o seu posicionamento com a Alboa, os clientes, as regiões Autónomas dos Açores e da Madeira e comunidades lusófonas que estão agora a sentir o peso da sua arrogância”, sublinham os responsáveis da associação.

Acrescentam ainda que a “Alboa tudo fará para que estas e outras injustiças sejam reparadas, continuando a sua luta e dando voz ao sentimento dos seus associados e de todos os lesados neste protesto”.

Na semana passada, o Santander Totta, numa missiva enviada à associação, considerou uma “situação de abuso que não pode ser aceite” a utilização por parte da Alboa do “nome, marca e imagem” do banco, dando três dias para que todas as referências ao banco fossem retiradas no sítio da internet e em quaisquer outros locais onde fossem utilizados.

O grupo espanhol Santander adquiriu, em 20 de dezembro de 2015, um conjunto de ativos e passivos do Banif, após a medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal ao Banif.

Em dezembro de 2015, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif e a venda da atividade bancária ao Santander Totta por 150 milhões de euros.

Foi ainda criada a sociedade-veículo Oitante para a qual foi transferida a atividade bancária com que o Totta não ficou.