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Investigadores criam sensores para detectar gases nocivos e controlar qualidade do ar

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Investigadores do Porto estão a desenvolver sensores ópticos para detectar gases nocivos e explosivos e controlar a qualidade do ar nas indústrias, casas e escritórios, de forma a prevenir a incidência de doenças cardiopulmonares crónicas, como a asma.

Os sensores ópticos são ferramentas analíticas “particularmente atractivas”, que permitem a detecção e quantificação de substâncias específicas, em tempo real e com alta sensibilidade, mesmo quando presentes em misturas complexas, disse à Lusa a investigadora Ana Silva, da REQUIMTE - Rede de Química e Tecnologia, laboratório que resulta de uma parceria entre a Universidade do Porto e a Universidade Nova, de Lisboa.

No entanto, segundo indicou, a maioria dos detectores disponíveis responde indiscriminadamente a várias substâncias, estando sujeitos a problemas de calibração e baixa durabilidade, sendo “urgente” o desenvolvimento de novos materiais selectivos e viáveis para a detecção de substâncias específicas.

Para contornar essa questão, os investigadores envolvidos neste projecto estão a criar sensores ópticos, a partir de materiais novos e outros já existentes, dotados de propriedades ópticas que respondam à presença de substâncias específicas, através da alteração da sua cor.

Depois de integrados num dispositivo portátil, esses sensores podem ser utilizados como sistemas de aviso e alerta à presença de gases nocivos, vapores químicos e explosivos, explicou Ana Silva, que faz também parte do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

De acordo com a investigadora, vários estudos realizados demonstraram que a poluição do ar está muitas vezes relacionada com doenças cardiopulmonares crónicas problemas de demência, sendo, por isso, necessário controlar a sua qualidade.

Por outro lado, e face aos sucessivos atentados terroristas ocorridos ultimamente na Europa e nos Estados Unidos, “assiste-se hoje à necessidade imperativa de desenvolver detectores precisos, confiáveis e de fácil utilização para controlo da libertação de gases tóxicos e explosivos, que possam pôr em perigo vidas humanas”, acrescentou.

Os dispositivos podem ser assim utilizados pelo público no geral - nas casas, escritórios e salas de aula -, nas fábricas e indústrias e pelas organizações governamentais, criando oportunidades de diálogo e discussão em torno do tema da detecção de gases em sectores como o ambiente e a defesa.

O projecto, que se prolonga até 2019, é financiado pela Rede Europeia M-ERA.NET, contando ainda com a participação da Acção COST CM1302 e com o apoio da REQUIMTE.

Para além da REQUIMTE, e do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, participam no projecto investigadores dos Centros de Investigação Madrid Institute for Advanced Studies in Nanoscience (IMDEA, Madrid) e da Universidad Pablo de Olavide (UPO, Sevilla), e a empresa Sondar.i - ISQ Group.