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Exploração geológica marinha estudou ‘fonte’ de sismos e tsunamis

Divisão de Geologia Marinha do IPMA esteve em busca da ligação, falha da Glória e região SWIM de fronteira de placas difusa

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De 16 de Maio a 2 Junho de 2017 a Divisão de Geologia Marinha do IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera, IP coordenou e participou na campanha PROPEL – PROPagationoftheEurasia-AfricapLateboundaryEastoftheGLoriaFault, informou hoje aquele instituto público. Esta zona fica mais junto aos Açores, mas também terá influência na Madeira, dada a proximidade geográfica.

Esta campanha teve como objetivo a aquisição de dados geofísicosnuma das zonas mais enigmáticas e inexploradas do oceano Atlântico: a região SWIM-GLO. É nesta ligação SWIM-GLO que a fronteira entre as placas Africana e Euroasiática passa de um limite quase discreto (a falha da Glória, GLO) a uma zona de fronteira difusa em que a deformação se distribui por várias falhas ativas na margem sudoeste Ibérica (SWIM, SouthWestIberianMargin).

Esta transição dá-se na zona de intersecção com a crista Madeira-Tore, um relevo submarino de 1100 km de comprimento, cuja génese ainda não é bem compreendida, mas onde processos tectónicos importantes e intenso vulcanismo são testemunhados por grandes cicatrizes de deslizamentos e numerosos montes submarinos.

Durante a campanha PROPEL foram adquiridos dados de sísmica de reflexão multicanal, perfilador de fundo CHIRP, batimetriamulti-feixe e magnéticos. Estes novos dados são essenciais para conhecer e compreender a estrutura profunda da zona de transição SWIM-GLO e os processos tectónicos regionais, incluindo o intenso magmatismo, a atividade de falhas e os importantes deslizamentos submarinos, potenciais causadores de tsunamis.

O estudo da região Atlântica de fronteira de placas é essencial para compreender o risco de desastres naturais, já que nesta zona são gerados sismos e tsunamis de elevada magnitude, como o sismo de M8.4 em 1941 na falha da Glória e o sismo destruidor de Lisboa em 1755, com M>8.5 na região SWIM.

A campanha PROPEL foi financiada pelo programa europeu EUROFLEETS-2, que desde 2009 promove e financia uma estratégia europeia comum de utilização dos navios de investigação e equipamentos científicos marinhos. A campanha decorreu a bordo do navio oceanográfico italiano “OGS Explora”.

Participaram no planeamento e na execução instituições portuguesas (Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Universidade de Évora, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Universidade de Aveiro), espanholas (ICM-CSIC de Barcelona), alemãs (GEOMAR e Universidade de Hamburgo), francesas (IFREMER) e italianas (ISMAR de Bologna, Universidade de Trieste e Istituto Nazionale di Oceanografia e di Geofisica Sperimentale, OGS).