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Catarina Martins espera que “não venha pesadelo” como Trump, em França

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A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, espera que das eleições presidenciais em França, cuja primeira volta decorre hoje, “não venha um pesadelo como Donald Trump” e rejeita o discurso de que “tudo ficará na mesma”.

“Dizer aos povos que vai ficar tudo na mesma é um discurso que já não convence ninguém” e “apenas ajuda à ascensão” de Marine Le Pen e da extrema-direita em França, disse à Lusa Catarina Martins, que no sábado participou, em Madrid, num encontro contra o neoliberalismo e a xenofobia na Europa.

Sobre as eleições francesas, a líder bloquista disse: “Aquilo que esperamos é que de França não venha um pesadelo como veio Donald Trump nos Estados Unidos, mas que se tenha aprendido com isso e que seja possível agora haver uma alternativa”.

Essa alternativa, concretizou, é a proposta por Jean-Luc Mélenchon e que representa a “esquerda clara, solidária, antirracista”.

As sondagens dão hipóteses ao candidato da França Insubmissa de passar à segunda volta, que se realizará a 07 de maio.

Sobre o encontro de sábado na capital espanhola, da iniciativa “Fazer pontes, não muros”, inspirado no movimento People’s Summit, do democrata norte-americano Bernie Sanders, Catarina Martins defendeu a necessidade de “unir forças por uma alternativa na Europa, em cada um dos países, mas também com movimentos solidários entre os vários países”.

“As pessoas têm muita curiosidade sobre a situação em Portugal e sobre a atual maioria e o caminho que está a ser seguido”, relatou.

A líder bloquista sublinhou que, em Portugal, “as conquistas, como o fim de cortes em salários e pensões, a reposição de prestações sociais ou a subida do salário mínimo nacional, são feitas em confronto com os tratados da União Europeia”.

No entanto, “é muito pouco, falta tudo”, disse Catarina Martins, que alertou para os salários e pensões “demasiadamente baixos”, a existência de “muita gente no desemprego e sem apoio” e “serviços públicos que precisam de investimento como nunca”.

“Para que haja um caminho que responda mais pelas necessidades do país e das pessoas é preciso ter a coragem de rejeitar os espartilhos orçamentais e neoliberais da União Europeia e construir um caminho alternativo que permita ao povo português decidir onde gasta a sua riqueza e não ter de a gastar sempre no sistema financeiro, a resgatar bancos ou a pagar dívida pública”, defendeu.

Para o BE, “é necessário reestruturar dívidas e ter a coragem de libertar os países de sistemas financeiros sempre decadentes”.