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Bactéria que destrói oliveiras vai afectar Portugal

O presidente da associação de olivicultores afirmou que os agricultores podem ser afectados economicamente. Rui Manuel Ferreira / Global Imagens
O presidente da associação de olivicultores afirmou que os agricultores podem ser afectados economicamente. Rui Manuel Ferreira / Global Imagens

O presidente da direcção da Olivum - Associação de Olivicultores do Sul disse hoje à Lusa que não tem dúvidas de que a bactéria “xylella fastidiosa”, que destrói várias plantas e árvores, como oliveiras, vai afectar o olival português.

“Não tenho dúvida de que (...), tendo-se alastrado, nos últimos quatro anos, a países da Europa, chegará, mais tarde ou mais cedo a Portugal, portanto, temos que estar preventivos, para pode travar o avanço dessa bactéria”, afirmou João Cortez de Lobão, na véspera das IV Jornadas Olivum, nas quais a associação vai debater, em Beja, as principais medidas para travar a bactéria, bem como o planeamento do olival.

João Cortez de Lobão disse também que é necessário que sejam implementadas medidas que obriguem os olivicultores a informar, assim que desconfiarem que uma árvore está infectada, de modo a que as autoridades possam controlar a zona e travar o contágio.

“A verdade é que, quando ela afecta, a árvore morre, não há solução”, vincou.

Questionado sobre a possibilidade da chegada da bactéria poder afectar economicamente os agricultores portugueses, num ano marcado pela seca severa em algumas zonas do território, o presidente da associação de olivicultores afirmou que os terrenos atingidos com a falta de água são mais permeáveis a quaisquer doenças e acrescentou que os agricultores ficarão numa situação ainda mais fragilizada.

O representante da Olivum indicou que outro desafio que o sector enfrenta é o planeamento do olival, tendo em conta os investimentos aplicados pelos proprietários.

“Uma das preocupações é o tipo de agricultura que as autoridades e os Governos querem para Portugal”, uma vez que “é importante que os agentes económicos, neste caso os olivicultores, saibam que não têm ninguém contra as suas iniciativas”, sublinhou.

No que se refere às perspectivas do sector, para os próximos anos, João Cortez de Lobão destaca o aumento do preço do azeite e possibilidade de se verificar uma subida no consumo mundial.

“O preço do azeite está relativamente alto em relação à média dos últimos dez anos. Por outro lado, o consumo mundial tem tendência a aumentar e Portugal tem condições ímpares para poder ser um produtor de referência de azeitona para azeite”, disse à Lusa.

Porém, o presidente da direcção Olivum alerta para que é necessário produzir a um preço muito competitivo, para que outro país não seja concorrente direto de Portugal.

A Associação de Olivicultores do Sul, que emprega mais de 1.000 funcionários, representa 30 mil hectares de olival e produz cerca de 90% da azeitona de mesa em Portugal e 70% da azeitona para azeite.

Segundo a Direcção-Geral de Veterinária (DGAV), a “xylella fastidiosa” é uma bactéria que “ataca uma vasta gama de espécies vegetais”, como plantas ornamentais e árvores, como oliveiras, videiras, amendoeiras e sobreiro, e é “um dos principais problemas fitossanitários emergentes das últimas décadas”.

A bactéria, que ficou “por muito tempo” confinada ao continente americano, foi detectada pela primeira vez na Europa em 2013, em oliveiras adultas, na região de Apúlia, em Itália, onde “devastou uma extensa área de olival”.

Em 2015, foram detectados focos em plantas ornamentais na Córsega e no sul de França e, em 2016, em plantas de aloendro na Alemanha e em plantas de cerejeiras num viveiro nas Ilhas Baleares, em Espanha.

O mais recente caso de presença da bactéria na Europa foi confirmado em Junho num pomar de amendoeiras em Alicante, na região de Valência, em Espanha, tratando-se da primeira detecção no território continental espanhol.

Nas IV Jornadas Olivum estarão presentes representantes da direcção-geral de alimentação e veterinária, da Casa do Azeite e da direcção-geral de saúde da produção agrária, de Espanha.