País

APAV nos Açores com aumento de queixas de vítimas de violência doméstica

FOTO Shutterstock
FOTO Shutterstock

As denúncias junto do gabinete da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) em Ponta Delgada, Açores, registaram em 2017 um aumento superior a 10%, na sua maioria de mulheres vítimas de violência doméstica, indicou hoje a APAV.

“O relatório estatístico ainda não saiu, mas através de uma análise qualitativa do ano os processos têm-se mantido em grande número e são, principalmente, de mulheres vítimas de violência domestica”, afirmou a gestora do gabinete de apoio à vítima de Ponta Delgada da APAV, Raquel Rebelo.

A responsável falava à margem da assinatura de um contrato de cooperação entre a APAV e o Instituto de Segurança Social dos Açores (ISSA) para a comparticipação até cerca de 57 mil euros para obras num espaço cedido pelo instituto à associação.

No Dia Internacional da Mulher, Raquel Rebelo referiu que metade das denúncias de violência doméstica são feitas pelas próprias vítimas, mas 50% das queixas partem ainda de “pessoas conhecidas que estão preocupadas com o estado emocional destas mulheres”.

“Em 2016 registaram-se 496 processos de apoio nos Açores, a maioria por violência doméstica e o perfil da vítima é do sexo feminino”, explicou ainda, lamentando que actualmente as mulheres “ainda continuem a ser vítimas de vários crimes”.

Além das denúncias de violência doméstica, a gestora do gabinete vincou que chegam também queixas referentes a situações de discriminação no local de trabalho e “tudo em função da discriminação do género”.

“Ainda são impostas culturalmente tarefas domésticas às mulheres. E, ao nível do trabalho, há mulheres que se sentem também discriminadas por serem mulheres”.

Na assinatura do contrato de cooperação, o presidente da APAV, João Lázaro, destacou a implementação da associação há quase 11 anos nos Açores, “tendo em conta as necessidades e as especificidades regionais”, referindo que no arquipélago “estão localizados dois centros de excelência”, nomeadamente a linha de apoio à vítima.

Sobre o novo espaço, o responsável disse que permite “um salto extremamente qualitativo e quantitativo no trabalho da associação” e melhora a resposta da associação à comunidade.

A secretaria regional a Solidariedade Social, Andreia Cardoso, explicou que o espaço foi cedido há um ano à APAV, que “agora vê concretizada uma ambição” para corresponder às necessidades das vítimas de violência.

Antes, a secretária formalizou um protocolo com o Centro Social e Paroquial Nossa Senhora da Oliveira, responsável por gerir a equipa de apoio à mulher, para a gestão de três apartamentos nos concelhos de Ponta Delgada e Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, destinados a responder a necessidades habitacionais transitórias de mulheres vítimas de violência e preparar a sua autonomização.

“Esta iniciativa é uma resposta nova”, sublinhou Andreia Cardoso, lembrando outros apoios disponibilizados, casos das linhas de emergência, passando pelas casas de acolhimento temporário e apoio jurídico e psicológico.