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200 postos de trabalho em risco depois de Urban Beach fechar

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A Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) disse hoje que podem existir dezenas de queixas sobre a discoteca Urban Beach, em Lisboa, mas “até à data a empresa não foi notificada de nenhum processo”.

“Qualquer um pode fazer uma queixa”, afirmou à agência Lusa a secretária geral da AHRESP, Ana Jacinto, indicando que as reclamações registadas sobre o estabelecimento nocturno Urban Beach carecem de fundamento já que qualquer utente, mesmo que não consuma, pode pedir o Livro de Reclamações, situação que acontece frequentemente quando são recusadas entradas porque o espaço está com muita ocupação.

Na sequência das agressões, ocorridas na madrugada de 01 de novembro e registadas num vídeo que se tornou público, a PSP deteve três seguranças da discoteca Urban Beach.

Depois da divulgação do vídeo, o Ministério da Administração Interna (MAI) ordenou o encerramento da discoteca por seis meses, justificando a decisão não só com o episódio da madrugada de 01 de novembro, mas também com 38 queixas sobre a Urban Beach apresentadas à PSP desde o início do ano, por alegadas práticas violentas ou atos de natureza discriminatória ou racista”.

Na perspectiva da AHRESP, a decisão do MAI de encerrar temporariamente o estabelecimento noturno foi “um pouco precipitada” ainda mais porque “até agora nada aconteceu à empresa de segurança”.

Neste sentido, Ana Jacinto frisou que as agressões, consideradas pela AHRESP um ato “gravíssimo, lamentável e repugnável”, aconteceram fora do horário de funcionamento do estabelecimento noturno, que tem licença para funcionar até às 06:00, pelo que o espaço se encontrava já encerrado aquando o episódio de violência da madrugada de 01 de novembro.

“Esses acontecimentos foram levados a cabo por seguranças de uma empresa contratada” pelo estabelecimento Urban Beach, reforçou a responsável da associação que representa os empresários da hotelaria, restauração e similares.

Devido ao encerramento deste estabelecimento nocturno, “cerca de 200 postos de trabalho” do grupo K, que é responsável pela discoteca Urban Beach e outros espaços, estão em risco, declarou a secretária geral da AHRESP.

Ana Pinho advogou ainda que os estabelecimentos de animação nocturna “não têm tido o tratamento devido”, já que são “um sector de grande relevância no seio do turismo”.

“O nosso turista não vem só para dormir [...]. Com estes episódios lamentáveis estamos a denegrir um sector e uma empresa que está em funcionamento há muitos anos e que têm aqui uma relevância importante para a economia e para os postos de trabalho que estão em causa”, reforçou a responsável.

Relativamente ao licenciamento da Urban Beach, a representante da AHRESP assegurou que a discoteca “garantia todos os requisitos técnicos de legalidade que este tipo de estabelecimentos está obrigado”.

Apesar de cumprir com todas as normas legais, “há questões inerentes a problemas urbanísticos” que afectam este e outros estabelecimentos nocturnos e muitos espaços de restauração e bebidas de Lisboa, “questões que estavam a ser tratadas muito antes desta ocorrência”, adiantou Ana Pinho, explicando que estes espaços funcionavam com uma licença provisória de recinto, “que era constantemente renovada”, após uma vistoria ao espaço.