Crónicas

Taxa turística. Necessidade ou desafio?

A Madeira tem aqui uma oportunidade única para crescer e afirmar-se como destino turistico de excelência por diversas razões

Quando olhamos atentamente para o fenómeno que tem sido a cidade de Lisboa ou mais recentemente o Porto facilmente chegamos à conclusão de quais são os “segredos” que os levaram até aqui. Como comprovam os diversos relatórios que têm saído nesse sentido bem como as diversas publicações de prestigio internacionais como a Condé Nast ou a Monocle o brutal crescimento no Turismo que as duas principais cidades portuguesas têm sentido não é fruto do acaso. A segurança é apontada como uma das principais razões bem como a proximidade dos locais de interesse. No caso da capital “em 5 minutos pode passear na Baixa, em 15 chegar ao aeroporto ou dar um mergulho no Mar seja na Costa ou na Linha e em 30m pode pedalar no Guincho”. A luz natural, as pessoas, a beleza que contraste o histórico com o moderno, as caminhadas a pé e a programação cultural e de entretenimento diversificada bem como os pontos de interesse gastronómico completam a lista.

Este trabalho que tem sido feito pelo Turismo de Portugal de “vender” Lisboa ao Mundo como espaço, cosmopolita “misteriosa, grandiosa e divertida” ou o Porto como charmosa e sensorial tem trazido os resultados que estão à vista , para além de depois o que por cá encontram não defraudar as expectativas, logicamente. Depois já se sabe, é o passa a palavra, é um que vem cá e adora , que publica nas redes sociais e atrai mais 20 e por aí fora. De repente com tanta a gente a falar bem torna-se difícil não aguçar a curiosidade de quem por esse Mundo fora nem sequer sabia da nossa existência.

A Madeira tem, também aqui uma oportunidade única para crescer e afirmar-se como destino turistico de excelência por diversas razões. Segurança? Tem , dificilmente haverá sítio com maior grau de segurança. Capacidade hoteleira de qualidade também. Beleza natural está à vista de todos bem como a diversidade da ilha com tantos pontos de interesse em tão curto espaço. Praias no Porto Santo e clima extraordinário também e luz natural idem bem como a proximidade do aeroporto (embora aqui tenhamos os problemas já sobejamente conhecidos). O que falta portanto? Para além de uma estratégia concertada para que as viagens sejam mais económicas e apelativas uma programação cultural que nos faça combater a sazonalidade e um maior aproveitamento dos pontos de interesse gastronómico seja pela bebida (vinho da Madeira, Poncha etc) ou pela comida ( Espetadas, Filete de Espada e por aí fora).

E se as pessoas não vêm mais se não houver mais coisas para fazer e se não existirem mais coisas para fazer se as pessoas não vierem mais como se pode resolver o assunto? No meu entender uma estreita colaboração e cumplicidade ( atenção não disse promiscuidade são coisas bem diferentes ) entre quem quer investir e o Poder regional e local. A taxa turística permite-nos sem sermos carregados com mais impostos poder criar condições para implementar , apoiar e comunicar uma série de iniciativas que nos podem catapultar para novos desafios e oportunidades. Foi assim que Lisboa revitalizou a sua zona ribeirinha , com o dinheiro dos turistas criou condições para que eles se sintam felizes por cá. É essa a razão da necessidade que se transforma em desafio. Apoiar agentes, escolher iniciativas culturais e artísticas que tragam um ar contemporâneo , sofisticado e cosmopolita à cidade. Que possam atrair um consumidor mais jovem e aliar esse ao turismo sénior que já nos procura e aos eventos populares e tradicionais que devem continuar a existir e a ter o seu espaço. Uma Madeira para todos os que a queiram visitar, com ofertas de qualidade , que tragam um público com capacidade financeira , sofisticado, cosmopolita e moderno que possam dar corpo à ilha dos sonhos que todos imaginamos. Não existe uma única pessoa que deixa de vir para a Madeira por um ou dois euros de taxa mas milhares de outros podem ser atraídos À conta do investimento que possa ser gerado por ela. A taxa é para ser investida em crescimento em apoio aos agentes culturais que queiram trabalhar e aos fenómenos de lazer que devemos atrair.Em 2012 a Região tinha 30.170 camas incluindo as 2.056 do Porto Santo, se apurarmos quantas camas tem o Funchal e a receita que daí adviria facilmente chegamos à conclusão de que estas receitas trariam uma nova capacidade de investimento e desenvolvimento turístico, dotando-a de uma programação cultural e de lazer verdadeiramente cosmopolita e internacional.