Crónicas

Silly Season 2

Temos liberdade de expressão “mas” não podemos dizer isto, aquilo e aqueloutro

1. Livro: já a entrar em modo “dolce fare niente”, eu, que geralmente leio pela noite, tenho andado a fazê-lo à tarde. “O Inverno do Nosso Descontentamento” do Nobel John Steinbeck preencheu-me um par delas. Um retracto de uma América ainda, e apesar do tempo, cheio de actualidade.

2. CARTA ABERTA AOS BRETÕES

Olá Britannia, “comment t’allez vous”?

Sim, assim em francês porque tu nasceste em Hastings quando o Haroldo levou com uma flecha no olho de um francês que te conquistou.

Deixa que comece por te dizer que és assim a modos que uma europeia, como quem não quer a coisa.

Não deixo de te agradecer essa longa aliança que temos desde os idos de 1385, quando em Aljubarrota nos ensinaste o “quadrado” que deu cabo da cavalaria castelhana.

Mesmo que nos tenhas feito engolir um “Mapa Cor-de-rosa”, em 1800 e picos, que levou à queda da monarquia.

Eu gosto de ti, pá. És assim gordinha e papuda. E apetece-me espremer-te. Agarrar-te pelo Canal da Mancha e morder-te nas Highlands.

Ah Britannia, como eu gosto de te beijar em Gales e apalpar na Escócia. Tens cá uma Irlanda do Norte como ninguém tem...

É por isso que não compreendo que de vez em quando te armes em parva.

Já reparaste que, de Império que foste no passado, o futuro só te reserva um cantinho no mundo?

Parece que agora tens medo dos outros. Dos outros que fizerem de ti aquilo que és.

Oh Britannia, deixa-te de merdas.

Que se lixe o BREXIT... por favor faz-me um BRITIN!!!!

3. Por mais que António Costa diga que tem a Geringonça no coração e na cabeça, os sinais estão todos aí: nas recorrentes declarações do PM e na aproximação, cheia de reciprocidade, deste ao PSD, nas posições cada vez mais duras do PC e dos seus sindicatos, no que pensa o BE, nas greves, nos professores e no seu líder, na aplicação das 35 horas, na legislação laboral proposta pelos comunistas e chumbada pelos socialistas. Tudo sinais de que o ciclo acabou.

Costa veio até aqui à boleia da Geringonça e todas as indicações agora lhe dizem que já pode tentar fazer o caminho sozinho. E é isso que procura. O próximo orçamento, provavelmente, não passará. E não passará porque é isso que quer o PS de Costa. Não avisou já Marcelo que sem orçamento não há palhaços?

É que o forrobodó acabou. O dinheiro começa a escassear e as soluções para a manutenção de um governo do PS deixam de passar pelo “namoro” à esquerda. O PS prepara-se para voltar, porque é aí que tão bem se sente, à sua matriz de socialismo arrevesado onde se alimenta de uma máquina estatal cheia de “boys on the jobs”, ultra-burocrática, que tudo decide por todos.

E o PSD, se puder, até vai ajudar. Porque gosta, porque também se alimenta do mesmo. Adoram os dois o ESTADÂO.

4. A política não pode ser o, deliberadamente, tornar as coisas melhores para alguns ao, deliberadamente, torna-las piores para outros.

5. Ei-los. Esses “grandes autonomistas” que dão pelo nome de PS votaram, na Assembleia da República, contra uma proposta aprovada por unanimidade na ALRM que previa que os madeirenses pagassem só aquilo que lhes custava a mobilidade. O Partido Socialista votou CONTRA a desburocratização e a simplificação. Todos os outros seguiram no mesmo sentido do que as suas estruturas locais tinham votado. Os jacobinos do PS desrespeitaram os deputados regionais do seu próprio partido (coisa que fazem amiúde). Os deputados socialistas pela Madeira desrespeitam quem os elegeu.

E lá veio o PS de cá dizer que não se revê na posição do PS de lá. E depois era ver nas redes sociais a desconversa do costume: “que os outros são quem tem culpa”; “que o esquema da mobilidade foi aprovado pelos governos do PSD” (mas esquecem-se de dizer que não alteraram, podendo, coisa nenhuma); “e a autonomia”; e as tontices do costume.

Enquanto isto for os “de cá que se babam para lá” e os “de lá que se marimbam para cá”, não se admirem que os socialistas não passem disto.

O “useiro e vezeiro” tiro no pé do PS a demonstrar que é o mais jacobino, centralista e anti autonómico partido do país.

Agora é esperar e ver quando é que o (ainda) Presidente da Câmara do Funchal vai a Lisboa dar o tal de murro em cima da mesa do Primeiro-ministro.

6. Não é original o que vou escrever mas seria tão bom que tal qual Roma, a Madeira não “pagasse” a traidores!

7. No CDS Madeira as trapalhadas são também tantas e tão constantes que o melhor é nem lhes dar atenção. O eleitorado que fixe estas coisas e que as não perdoe no momento e no lugar certos.

8. E se alguém estava à espera de que aqui falasse da atitude de Mini-Me na Feira do Gado, que se desengane. Há coisas que falam por si.

9. Nesta era em que adversativa “mas” assume um determinismo aparentemente inultrapassável, temos liberdade de expressão “mas” não podemos dizer isto, aquilo e aqueloutro; temos liberdade social “mas” não podemos fazer com o nosso corpo o que bem queremos e entendemos; temos liberdade política “mas” uns parecem usufruir mais dela do que outros, comuns mortais; temos liberdade económica “mas” se um de nós entrar em incumprimento cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima e se for um “tubarão” da economia lá vem o “to big to fail”; temos liberdade de imprensa “mas” há assuntos de que se não pode falar; temos liberdade religiosa “mas” há símbolos que são proibidos de ser usados. Temos, isso sim, demasiados “mas” a condicionar o que não deve ser condicionado.

A liberdade é isso: total e absoluta. Sem restrições nem “mas” pelo meio. Só pode ter como “travão” a percepção de que “a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro”.

10. Corremos o risco de, sendo a espécie mais inteligente que jamais pisou a terra, por via dessa mesma inteligência, ser uma das que menos tempo por cá passou. Continuamos, impávidos e serenos, a cavar a nosso própria sepultura, porque temos a inteligência de destruir e não a temos para preservar.

11. Já no ano passado escrevi que gosto de coisas bem organizadas... e é impossível não voltar a fazê-lo. O enquadramento cénico natural proporcionado pelo espaço, a envolvência que o estrutura, a organização e, acima de tudo, o cartaz, fazem do Funchal Jazz não o maior mas, provavelmente, o melhor festival de jazz do país.

Parabéns Marco Chaves, parabéns Paulo Barbosa e equipa. Muito obrigado.

12. Gosto da Juve, desde que me lembro de ser gente... Aliás, é a única equipa estrangeira por quem nutro grande simpatia. Talvez por ter equipamento quase igual ao do Nacional...

Imaginem a minha alegria com a chegada do melhor de todos os tempos a Turim.

13. “Um governo com medo dos seus cidadãos é uma democracia, cidadãos com medo de um governo é tirania!” – Thomas Jefferson