Crónicas

No Trilho de José Tolentino Mendonça

José Tolentino Mendonça é um Cristiano Ronaldo´ no jogo das palavras. Não é um José Saramago– não, não é. É bem melhor.

1. Já que ninguém faz nada pela elevação da minha autoestima – fá-lo-ei eu, á revelia de mim próprio, qualquer coisinha por ela. Perseguia este átimo – conhecer pessoalmente o sacerdote, filosofo, escritor e professor José Tolentino Mendonça - há muito tempo. A leitura dos seus livros e das crónicas publicadas na Revista do Expresso – assim o impunham. José Tolentino Mendonça é um Cristiano Ronaldo no jogo das palavras. Não é um José Saramago – não, não é. É bem melhor. Anote: há-de ser um Prémio Nobel da Literatura. Com pontos e vírgulas. Sem cunhas. Ponto.

2. O último livro publicado sob o titulo ‘O pequeno caminho das grandes perguntas’ é soberbo. Se não o leu – leia. Leia, releia, suste e medite palavra a palavra, frase a frase, capitulo a capitulo. Será uma pessoa diferente, pior ou melhor, depois de o fazer. Um livro – este livro – é uma viagem turbulenta pelo seu mundo interior sem as chatices dos aeroportos.

3. “A minha primeira biblioteca foi a minha mãe”. Se não consegue apreender o recheio ínsito nesta pequena frase de José Tolentino Mendonça – então, esqueça. Você e a sua vida são mesmo uma merda.

4. No dia de apresentação deste livro no Teatro Baltazar Dias aguardei sobressaltado na fila dos autógrafos na companhia do jornalista e amigo Nicolas Fernandez. Assegurada que estava uma foto com o José Tolentino Mendonça se mo deixasse, abeirei-me dele, na vez, agachei-me e cochichei-lhe: “Também a minha mãe foi a minha primeira biblioteca”. Dedicou-me no livro: “Para o António Fontes, que as perguntas sejam um trilho para o sentido”. Abraço. José Tolentino Mendonça.

5. Entre outros cochichos mútuos impartilháveis (arrepio-me!), desapossei o José Tolentino Mendonça sob a tutela espiritual desta frase: “Sabe, António, uma das primeiras coisas que faço aos Domingo é ler a sua crónica do Diário”. Ainda hoje estou atónito.

6. Sendo totalmente indiferente às vaias ou aplausos a estes escritos desmiolados de Domingo no DIÁRIO, não me lembro de mais nada que afague tanto a minha autoestima. Bem, as relíquias dos SMS do Miguel Sousa também afagam. Mas logo afogam-se no “trilho do sentido” do bidé.