Crónicas

Lado a lado

O caminho é este: vamos apostar as nossas “fichas” e o nosso coração numa rede que permita alicerçar o tanto que temos em comum

Sempre vi nos Países de Língua Portuguesa o Futuro. Acho por isso o comportamento português por vezes um pouco desleixado e de visão periférica quando tratamos de alguns assuntos estratégicos com esses Países a quem não só devemos muito mas sobretudo com quem temos uma cumplicidade histórica que nem algumas birras políticas ou opções pseudo intelectuais conseguem disfarçar. Somos às vezes ( e alguns... ) como aquela criança na escola que tem o grupo dos meninos que passam despercebidos que a trata super bem e que a prestigia e o grupo dos meninos socialmente desejados a quem a criança faz tudo para se integrar mesmo que por vezes seja olhada com indiferença . Escolhermos quem nos quer e nos faz bem, quem tem mais a ver connosco ou quem nós achamos que devíamos ser.

Considero assim que o caminho desse Mundo de 350 milhões de pessoas é feito de futuro aprendendo com o passado. Já toda a gente sabe as atrocidades que se cometeram na época dos Descobrimentos ( não descobrimos porra alguma , apenas impusemos a nossa presença aos que já lá estavam ) não têm descrição possível numa altura em que era normal essa praga do racismo e da colonização de que todos nos envergonhamos. Nem eu sou pessoa certa para falar do que não sei. Não vivi nesse tempo, nasci em 1982 , sempre prezei a minha independência e como tal a dos outros. Adoro os Países que compõem a CPLP acima de tudo porque sempre foi minha convicção profunda que mais importante que a própria União Europeia existe um um projecto comum com tantos predicados que nos unem nesta diversidade de culturas e pessoas.

A minha presença há bem pouco tempo em Moçambique serviu para transmitir ao Ministro da Cultura de Moçambique Silva Dunduro essa nossa visão e a vontade em crescermos juntos. Percebi que as portas estão abertas e que é tempo de começarmos essa maravilhosa construção que pode marcar gerações e décadas.Lado a lado. Começando pela Cultura, a Arte e caminhando pelas Indústrias Criativas. Fiquei ainda com mais certezas com a presença do Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde o amigo Abraão Vicente na Madeira. Um ministro desempoeirado , objectivo e concreto com ideias estruturais , simples e jovem, sofisticado e bem disposto. Um exemplo para Portugal do que um Ministro da Cultura deve representar , com a experiência suficiente para sustentar projectos mas com a visão da juventude que permite delinear programas transversais que “trespassam” gerações.

Nós da nossa parte não temos qualquer tipo de dúvidas ou hesitações. O caminho é este vamos apostar as nossas “fichas” e o nosso coração numa rede que permita alicerçar o tanto que temos em comum. Dar melhores condições de vida às populações é construir na sustentabilidade. Sem Cultura não há Educação e sem Educação não pode existir crescimento. Queremos por isso fazer tudo e de tudo para que lado a lado a relação entre os Países de Lingua Portuguesa seja mais fiável , estável e duradoura. Humildemente faremos a nossa porte porque mais do que uma escolha é a nossa intuição e a nossa paixão. Que possamos dar corpo a este novo Mundo que nos une mais do que as vezes acreditamos , respeitando na diferença , crescendo nas dificuldades mas sonhando com tudo aquilo que podemos atingir. Juntos. Lado a lado.