Crónicas

Alexandre O GRANDE

Nessas condições, se V. Exa. garantir-me a mesma medida preventiva, passo já à clandestinidade e assalto a dependência do BPI no Dolce Vitae. Certo?

“Antigo Director do BES – Madeira em prisão domiciliaria” - DN. 30.06.2017.

1. Que saiba – e há muita coisa que não sei nem quero saber – o meu adn não conhece o ódio e o mal dos outros. Bem pelo contrario. É o caso do João Alexandre Rodrigues com quem privei na adolescência a jogar á batota e a pintar a bandeira da FLAMA na Conde Carvalhal. Mais tarde, como cliente do Private Bank do BES da Madeira (só para ricos!) tratou-me sempre de forma muito afável e competente. Certo? Passemos ao serrote.

2. A 26 de Julho de 2016, entre coisinhas pouco relevantes - injecção dos contribuintes de 360 milhões no BES – Venezuela, amizade com o Ricardo Salgado e um tal de Hugo Chávez e inacção dos milhares de “camones” lesados pelo banco – deixei aqui estampado o enigma de nenhum tribunal chamar o João Alexandre Rodrigues para depor enquanto marcava presença na inauguração do hotel Pestana CR7 no Funchal ou se passeava de Porsche no Dubai. Na altura – coisinha pouca também – fui legitimamente fuzilado por telefonemas e mensagens do próprio e dos “parados no tempo” que mergulham nas águas bilhardeiras do Clube Turismo da Madeira. Certo? Continuemos a serrar.

3. Hoje – e salvaguardando sempre a presunção de inocência achincalhada pela canalha das redes sociais – acho que a detenção e prisão domiciliária do João Alexandre Rodrigues apenas peca por tardia e restritiva. Há também que agir e rápido sobre os criminosos do ex-Banif, muitos deles igualmente a banhos no Clube Turismo da Madeira. Mais Alboa menos Alboa, deixar os verdadeiros lesados do ex-Banif nas mãos de um tal de Daniel Caires e de outro tal de Jacinto Silva, não dá puto. Eles – testas de ferro dos cola-tudo – já pilaram tudo. Certo? Continuemos a serrar para bingo agora em discurso directo ao “Super Juiz Carlos Alexandre”.

4. Meritíssimo. Alexandre contra Alexandre vai dar barraca. Essa coisa – coisa pouca – de colocar um gajo em prisão domiciliaria numa mansão com piscina, ginásio, campo de futebol relvado, sopeira jeitosa, ecrã de televisão de oitenta polegadas a aceder á CMTV na hora nobre dos filmes porno e um porsche branco á porta – é um convite ao crime. Nessas condições, se V. Exa. garantir-me a mesma medida preventiva, passo já á clandestinidade e assalto a dependência do BPI no Dolce Vitae. Certo? Grande Alexandre.