Crónicas

Ah, a iniciativa privada... essa bandida

O caso Bruno de Carvalho está despachado. Ou não. E Marta Soares, Henrique Monteiro, José Maria Ricciardi, Álvaro Sobrinho, José Roquette, Abrantes Mendes, Dias da Cunha, Octávio Machado, Carlos Barbosa, Victor Espadinha, Madeira Rodrigues, Carlos Rodrigues, Godinho Lopes, etc.?

1Disco: Gosto de música que me divirta. Os “Panic! At The Disco” têm esse condão. Cada disco soa sempre diferente do anterior. Adoro esta capacidade de surpreender que voltamos a encontrar em “Death Of A Bachelor”. E no entanto lá no fundo está sempre presente um som que remete para um divertido cabaret.

2Livro: “Direito a Ofender” de Mick Hume. Já o li há algum tempo mas gosto de voltar, de quando em vez, lendo-o aqui e ali ao acaso. Hume desmonta com mestria a argumentação falaciosa de quem quer controlar a liberdade de expressão.

3No passado fim-de-semana os liberais ingleses manifestaram-se nas ruas exigindo que o acordo final do Brexit fosse referendado e que, se recusado, isso significasse que o reino permanece na União.

Não consigo conceber a EU com o Reino Unido de fora. Não faz qualquer sentido. E tudo isto deve-se a uma certa letargia que trava a construção de algo que se quer inclusivo e cuja velocidade seja verificável. Isto não vai lá com conservadorismo. É pelo progressismo que temos de construir o espaço europeu onde todos tenham lugar como iguais.

Urge uma Europa de nações e não de comissões que ninguém elegeu. Uma Europa onde todo e cada um dos seus cidadãos tenham o mesmo valor, seja qual for a sua origem. Uma Europa que alavanque os mais fracos e os torne fortes. Uma Europa social onde, ao económico e ao financeiro, não se admita a desregulação descontrolada e a tendência suicidária que muitas vezes têm. Uma Europa onde o primado do “homem” seja o centro e emanação de tudo. Em suma, uma Europa de todos e para todos.

4Ui... o Diabo da “iniciativa privada”. O caos, o drama, a tragédia. Ah, a “iniciativa privada” esse mal de todos os pecados da história humana. Foi a “iniciativa privada” que gerou esses monstros da verticalidade que dão pelo nome de Sócrates, Vara, Pinho, César e o seu nepotismo, Miguel Macedo, Oliveira e Costa, Duarte Lima, Abel Pinheiro e o seu imaginário amigo Jacinto Leite Capelo Rego. Ops, e os submarinos que tanto têm de “iniciativa privada”. Ups, o conluio entre o estado e alguma “iniciativa privada” (sim, porque também a há da má) que depois emprega quem transita de um lado para o outro como Jorge Coelho e Ferreira do Amaral. A promiscuidade que há entre o sector público, algum privado e o ESTADÃO montado pelo PS, PSD e CDS. O termos um estado vicioso quando o deveríamos ter virtuoso.

Ah, a “iniciativa privada” que corrompe o estado porque este se demite de fazer o que lhe compete: fiscalizar e regular. Ah, a “iniciativa privada” que explora os trabalhadores e o estado sempre tão cumpridor com quem lá trabalha. Ah, a “iniciativa privada” cujos bancos são salvos pelo estado contra tudo e contra todos como se de empresas estatais se tratassem, porque lhes deram muito durante tanto tempo. Ah, a “iniciativa privada” essa culpada por um estado tentacular, balofo, burocrático e despesista. Ah, a “iniciativa privada” que não paga impostos nem gera riqueza para pagar a educação, a saúde, cultura e desenvolvimento social pois é o estado onanista que o faz com o dinheiro dos outros. Ah, o estado esse grande exportador de nada e de coisa nenhuma.

Estatize-se tudo! PIM!

5Andam por aí opiniões à esquerda que encerram uma nova doença: a esquerdopatia! A maior parte das vezes quem do mal sofre são arrivistas a quem cheira a poder e que, com isso, se deslumbram.

6Se no PSD os Montenegros, os Soares, os Amorins e cia., andam todos os dias a “fazer a folha” a Rui Rio, porque é que não tiveram a coragem de o defrontar no lugar e no tempo certos? Acho a cobardia política abjecta!

Entendo que, nos partidos, o direito à diferença de opinião tem que ser reconhecido. Só lá está quem quer e, como tal, há regras a cumprir. Entre elas a frontalidade, o debate nos momentos e locais certos, a elevação.

Quem milita fá-lo num grupo onde tem que haver muito mais coisas que unem do que as que dividem. Quando assim não é, a porta da rua deve ser a serventia da casa. No meu partido também há formas diferentes e diferenciadas de ver as coisas. Ninguém está a 100% de acordo com tudo.

Entre umas eleições internas e as que se lhe seguem, porque em congresso as estratégias foram sufragadas e aprovadas, que se assumam as diferenças sempre de modo a que isso não impeça o normal funcionamento da estrutura. As oposições no interior dos partidos têm todo o direito a existir e a se manifestarem. Defendo, mesmo, o direito à existência de tendências. Não gosto de ver guerrilhas internas que só desestruturam e minam por dentro. Embora pimenta no rabo dos outros para mim seja suminho...

7 Na Hungria foi aprovada uma lei anti-refugiados. Numa Europa dos Povos, numa Europa de liberdade, numa Europa fraterna, não há lugar para esta gente. Se uns saem porque assim querem, outros há que deviam ser “brexitados”.

8 O caso Bruno de Carvalho está despachado. Ou não. E Marta Soares, Henrique Monteiro, José Maria Ricciardi, Álvaro Sobrinho, José Roquette, Abrantes Mendes, Dias da Cunha, Octávio Machado, Carlos Barbosa, Victor Espadinha, Madeira Rodrigues, Carlos Rodrigues, Godinho Lopes, etc.? É só a mim que estes nomes todos juntos arrepiam?

Ainda tive a esperança em ter algum tempo de sossego em relação à idiotice do futebolês, a doença primária de alguns/muitos adeptos do futebol. Mas parece que não. Para gáudio de alguns canais de televisão vêm aí mais uns quilos de porcaria pela mão de um descompensado.

E no entretanto os governos de cá e de lá voltam a respirar fundo sabedores de que neste país a futebolite vale muito mais do que a desgovernança.

9 Perguntas simples:O reflorestamento das quotas acima do Funchal deve ser feito com floresta autóctone ou com floresta importada?

Quando os portugueses iniciaram o povoamento da ilha a floresta era de Laurissilva. Andavam ovelhas e cabras na serra no meio desta?

A Laurissilva precisa de rebanhos para alguma coisa?

Precisam as bacias hidrográficas das ribeiras do Funchal de gado que coma tudo o que tente crescer como meio de conter a montante os problemas que podem surgir a jusante?

Qual é o demonstrável ganho económico que a pastorícia pode trazer?

10 Deus nos salve dos salvadores quando quem com eles não concorda é porque é dos outros.

11 E daqui para a frente entramos no ennui da “silly season”. Dois meses e meio de coisas desinteressantes e baboseirentas.

12 “Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis.” - Maquiavel.