Crónicas

A nossa marca

Decidir o que não fazer pode ser por vezes mais importante do que decidir o que fazer

Desde que nascemos e tomamos consciência daquilo que são as nossas capacidades e os nossos objectivos, a partir do momento em que olhamos para o Mundo e começamos a tomar pulso ao que nos interessa e nos valoriza e onde queremos chegar, percebemos que uma das nossas metas sempre presentes passa por crescer. Crescer em altura quando somos mais novos e ingénuos, crescer em direitos e liberdades quando somos adolescentes a que se seguem o querer crescer profissionalmente, culturalmente, financeiramente ou intelectualmente, não necessariamente por esta ordem. Este crescimento constante só faz sentido e só dará o resultado pretendido se for sustentado e acompanhado de um crescimento pessoal, constante, através dos princípios, da postura e da forma de estar. É o chamado equilibrio do indivíduo.

Não é por acaso que se costuma apregoar que “uma casa não se começa a construir pelo telhado”. É porque existe de facto uma lógica programática que nos ensina o caminho para sermos grandes. Para isso a ordem natural das coisas é conquistar primeiro a nossa “casa”, depois os nossos amigos, o nosso bairro, por fim a nossa cidade, a nossa ilha, o país, o continente... Se o conseguirmos fazer desta forma, humilde e estruturada estaremos sempre mais próximos de criar a nossa verdadeira marca, seja ela uma marca profissional de sucesso ou uma forma de marcar os outros através do que fazemos, da forma como pensamos e sobretudo como o conseguimos atingir. A nossa mágica tribo do pensamento.

Isso inclui também aquilo que é a nossa tomada de decisão, as nossas escolhas e o porquê delas. Decidir o que não fazer pode ser por vezes mais importante do que decidir o que fazer. Simplificar. Simplicidade é objectividade e é sofisticação. Mas para ter capacidade para tomar opções verdadeiramente simples é preciso muito trabalho e dedicação. É um processo árduo que implica processos práticos e incisivos.Nas empresas a inovação nem sempre advém de ideias novas, nem tão pouco da divagação muito comum em Portugal de acharmos sempre que o negócio do lado parece mais fácil e financeiramente mais atraente que o nosso porque não fomos nós que tivemos o trabalho de o montar e em vez de alimentarmos parcerias e crescimentos conjuntos metemos a “foice em seara alheia” e por vezes não conseguimos nem ter sucesso no nosso, nem no outro, estragando se calhar um caminho que nos iria dar ao sucesso.

Manter o foco, colocar princípios e convicções à frente do lucro, dar qualidade e prazer a quem trabalha ou a quem vive connosco, trabalhar para que os outros reconheçam o nosso crescimento e incentivar ao crescimento dos que nos acompanham . Incentivar à perfeição mas ensinar em vez de criticar e recriminar. Lutar para deixar uma marca no universo e encostar ao fim do dia a cabeça na almofada e poder dormir de consciência tranquila, feliz e concretizado. Como uma criança. Crescer é tudo isto e um pouco mais também...