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Vitórias???

Albuquerque era a esperança de que tudo iria mudar e, à custa disso, ‘ganhou’ o partido e a Região. Afinal, parece que fomos todos enganados

1. Ganhar a Madeira é uma batalha absolutamente decisiva para o PS. Este foi o “mote” de Costa. Cafôfo é o candidato; já ninguém tem dúvidas. Parece que alguns iluminados do PSD é que ainda achavam que tal não iria acontecer. Andaram a “dormir” perante o óbvio. Como é possível tantos políticos no PSD agirem com tanta “imaturidade política”? E já acordaram? Não! Tudo na mesma. Oposição a este sr. e com argumentação credível temos visto 0!

Hoje, olho para trás e releio o que tenho vindo a escrever sobre o meu partido: PSD-Madeira. Acusada de ressabiamento, parece que afinal não me tenho enganado em nada. Não que seja melhor que ninguém, mas limito-me a fazer leituras dos factos que estão aos olhos de todos.

Na batalha final do partido, nas últimas eleições, Manuel António era acusado de ser a continuação de AJJ, das suas políticas e dos seus supostos vícios. Albuquerque era a esperança de que tudo iria mudar e, à custa disso, ‘ganhou’ o partido e a Região. Afinal, parece que fomos todos enganados. Não era o Manuel António que ia manter os tais vícios, e, todos tolos, não conseguimos ver isso. Esses, os dos vícios, já tinham encontrado o caminho para se manterem e Manuel António nunca foi esse meio. Hoje sabemos que tentaram, mas que não se vendeu e, à custa disso, perdeu. Na ALRAM, o poder continuou na “dinastia familiar”, como se de uma herança se tratasse, tal como a influência tentacular pelos diversos departamentos do governo que tudo controla.

Algumas foram as mudanças; e como foram rápidas e sucessivas. Houve governantes/dirigentes que nem quiseram aquecer os lugares, para não pactuarem com certas “coisas”. Outras áreas foram mudando de mãos sucessivamente numa inconstância nunca vista. O amadorismo e a impreparação são notórios em diversos sectores. Tudo é mau? claro que não, mas no global, tem sido insuficiente. Resultado: revolta na população, desencanto e falta de motivação de funcionários e dirigentes competentes.

Hoje, tudo aclama Cafôfo, mas receio que o desfecho para esta Região seja ainda pior. Basta olhar para além de Cafôfo, ao lado, atrás, para nos assustarmos. Não sejamos tolos novamente, em acreditar nesta tábua de salvação.

Que fazer então, perguntarão? Estaremos “perdidos” e sem solução?

Gostava, sinceramente, que o mesmo fervor que os portugueses têm relativamente ao futebol, tivessem perante os partidos políticos.

Eu própria fui posta de lado, ostracizada, tentaram atingir-me na minha vida pessoal, pôr o meu profissionalismo e a minha idoneidade em causa. Paradoxalmente, os meus inimigos políticos sempre foram do PSD e sempre me senti respeitada por militantes dos outros partidos, mesmo no confronto político e na divergência de opinião. Mas nada me desmobilizou; sou e serei sempre social-democrata. Fui várias vezes convidada para integrar outros projetos partidários, e como seria fácil ir na onda... recusei sempre, leal às minhas convicções. Muitos foram aqueles que me criticaram e que, entretanto, foram “virando a casaca” dentro e fora do partido, e a “missa ainda vai no adro”.

Mas voltando à bola, a verdade é que um adepto do Sporting será sempre do Sporting, e o mesmo se poderá dizer de Marítimo, Porto, Benfica ou outro qualquer clube, independentemente das asneiradas que uma claque ou os seus dirigentes façam. Os adeptos revoltam-se, mobilizam-se, defendem o seu clube com “unhas e dentes”. Porque não temos essa capacidade nos partidos políticos? Porque não exigimos, enquanto militantes, mais e nos mantemos leais à nossa matriz ideológica?

Aos social-democratas, aqueles que ideologicamente acreditam que continuamos a ser a solução, que temos pessoas competentes que todos sabemos quem são, não se acomodem.

Hoje, parece que todos contam os dias para as eleições regionais para votarem contra o PSD. Eu sinceramente gostava era que a verdadeira mudança se desse dentro do PSD. Que contassem os dias para a eleição do líder e do congresso e que acreditassem que é possível mudar. Mostrar a grandiosidade que temos neste partido. A obra feita; lembrar e relembrar que, apesar de alguns erros, somos capazes de fazer melhor e que aprendemos com o passado. Será difícil passar a mensagem, mas acredito que é possível. Sinceramente acredito. É preciso que não tenhamos medo de acreditar, militante a militante; madeirense a madeirense. Perder é ficarmos sem esperança e nada fazer. Não desistam é preciso RESISTIR.

2. Ganhou o ‘não’ nos diplomas referentes à despenalização da eutanásia. Ganhou a hipocrisia. Ganhou o radicalismo religioso. Perderam todos os que sofrem e queriam ter o poder de decisão sobre o quando deveriam “partir”.

Detesto esta mania dos portugueses acharem que são, individualmente, melhores que os outros e se acharem com autoridade para decidir sobre a vida dos outros. Ouvia alguém questionar qualquer coisa do género: mas quem mede o sofrimento, quem decide que a dor não é suportável? E que tal deixarem decidir quem está a sofrer na pele?

Falsos moralistas que, perante o sofrimento de quem padece numa cama, são capazes de dizer: “Era tão bom que Nosso Senhor se lembrasse de o levar”. Que diabo... “não te deixo decidir quando queres morrer e deves suportar todo o sofrimento, mas até desejo que morras”.

Todos os deputados que votaram ‘não’, e agora falo em especial dos que representam a Madeira, têm a obrigação moral e política de, recorrentemente, exigirem ao Governo Regional uma resposta imediata em cuidados paliativos a todos os que deles necessitam. Têm a obrigação moral e política de exigirem ao Governo Regional, em alto e bom som, que não faltem mais medicamentos a todos os que deles necessitam. Têm a obrigação moral e política de prestar serviço voluntário de apoio psicológico nos hospitais e nos serviços de cuidados paliativos.

Aos padres e beatas(os), que têm tempo “para namorar e para os prazeres mundanos”, que usem esse tempo a prestar apoio espiritual e façam companhia a quem sofre.

Se me perguntarem se estaria preparada para tomar uma decisão dessas, a resposta é: talvez não. Mas porque não hei-de respeitar quem está, e quem tomou uma decisão consciente.

Querem fazer um referendo? Claro que sim! Mas façam-no a quem sabe responder de forma clara. Perguntem a todos os que padecem de uma doença terminal ou degenerativa se gostariam de ter esse poder de escolher. Perguntem se quando ficarem prostrados, catatónicos, ou com dores inimagináveis e impossíveis de atenuar, porque chegará uma altura em que os químicos já não farão efeito, se gostariam de poder partir com dignidade? Sim... façam o referendo nas salas de hospital e nos locais dos tais cuidados paliativos.

Se deve haver regras? Claro que sim! Se deve haver cuidados e procedimentos a levar em conta? Sem dúvida! Pensem em tudo o que há para impedir abusos. Mas deixem quem sofre decidir.

P.S. - Aos “meninos” que se manifestaram com cartazes “não matem os velhinhos”, completamente desinformados do que se trata, como se, com a eutanásia, fossemos “limpar os mais idosos da face da terra, (”santa ignorância”), que tal começarem por visitar os vossos avós, darem-lhes carinho, atenção e amor. E, se se preocupam assim tanto com os “velhinhos”, vão aos lares e aos hospitais “cuidar” de todos os que lá estão abandonados pelas famílias.