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Tempos difíceis...

Ver e ler pessoas a tentar desculpar esta desumanidade é incrível

O mês de Junho é, para mim, desde há alguns anos, um mês difícil. Quando é acompanhado por acontecimentos tristes e horríveis, é ainda pior. Posso mesmo dizer que a minha tristeza foi enorme.

Este mundo global, em vários sentidos, está a fazer-me sentir perdida. Há muitas coisas a acontecer que nunca me passariam pela cabeça. Começou com o Trump, presidente dos EUA, a separar as crianças dos seus progenitores. Como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Com aquele desplante estúpido, a tentar argumentar com a razão do seu ato terrorista, do ponto de vista familiar. Sim, porque terrorismo não é só colocar bombas. É também atos como estes, que ainda conseguem ter seguidores neste planeta. Ver e ler pessoas a tentar desculpar esta desumanidade é incrível.

Continuou com a agressão violenta de uma mulher no Porto. Sim, ela cometeu um ato incorreto. Sim, devia ter sido colocada no fim da fila. Mas ninguém, fosse quem fosse, tinha o direito de a espancar e agredir de forma bárbara, e usar a sua cor da pele, como humilhação. E o que mais me choca é os/as que ficaram a assistir e não fizeram nada, incluindo gente das forças de segurança. Lembrei-me da frase de Martin Luther King “ O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

Agora, e outra vez, o flagelo dos/as refugiados/as que chegam à Europa. Os/as que conseguem, porque muitos/as morrem pelos caminhos ou mares tortuosos. A “solução” de colocá-los/as em cercos vedados fez-me lembrar tempos horríveis que pensei que nunca mais iriam voltar. Todos os países Europeus têm que ter soluções para esta situação, que não é fácil, mas que é uma questão de Direitos Humanos e deve ser tratada enquanto tal. Todos/as temos direito a uma identidade, um país, uma habitação, saúde, educação e trabalho com direitos. As responsabilidades devem ser assumidas em proporção dos/as habitantes de cada País. Não fazemos prisioneiros/as, queremos acolher seres livres e contribuir para a sua inserção nas nossas sociedades, que bem precisam de se renovar, e esta pode ser uma grande oportunidade.

Propositadamente, deixei para o fim o que me emocionou neste mês. Para além das minhas recordações, muito queridas, foram as homenagens ao Zé Pedro e ao Miguel Portas. Tenho pena de terem sido feitas depois de eles nos deixarem. Mas gostei muito. Ao contrário do que li por aí, acho que ambos foram figuras ímpares, nas suas áreas, no nosso País.

Do dia da Região e da Autonomia, pouco há para falar, a não ser que o Porto Santo está de parabéns porque, pelo menos eu, aprendi algumas coisas sobre a sua história e a sua zoologia e, finalmente, as reivindicações dos residentes no Porto Santo foram assumidas ao mais alto nível.