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Ratos e ratazanas

O que se faz há anos para cá só serve para gastar muito dinheiro sem qualquer efeito prático

A Região Autónoma da Madeira tem um clima que favorece o desenvolvimento dos ratos e das ratazanas e por outro lado os seus depredadores são cada vez menos. Que eu saiba só existem os milhafres, as mantas e as corujas. Noutras regiões é a cobra o grande depredador destes animais, mas como, felizmente, não temos esses repteis e os milhafres, as mantas e as corujas cada vez existem em menor quantidade, é natural que a população de ratos vá aumentando, quer no meio urbano, quer no meio rural, até porque os terrenos abandonados cada vez são em maior quantidade..

O Governo Regional e algumas Camaras, fazem distribuição de raticida, quer diretamente em locais públicos, quer entregando aos agricultores que por sua vez o guardam e vão aplicando à medida que os ratos e ratazanas vão aparecendo...usando umam técnica erradissima e sem quaisquer resultados práticos.

Há alguns anos, alguém me disse que deveríamos tomar cuidado com “os ratos” miúdos porque enquanto o grande dá uma dentada e vai embora o míudo está sempre a dar dentadinhas pequenas e no fim come mais que o grande ou a ratazana... mas esses na sua maioria são de cinco unhas!!!!

Nos anos sessenta foi feita a primeira grande desratização na Madeira, pela Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal. Foi feito um concurso em que incluía a distribuição do raticida. Foi uma empreitada que abrangeu toda a Região, ou pelo menos toda a Ilha da Madeira. Foi feita de uma vez, a eito, ou seja começou-se numa ponta e correram a Madeira toda, sem deixar nada para trás, em terrenos públicos e privados, nas ribeiras e ribeiros, na parte urbana e no meio rural...Passados alguns dias, repetiu-se a operação, já com menos quantidade de raticida. Agora haveria necessidade de uma limpeza prévia das ribeiras e ribeiros, pois o mato, nomeadamente a cana vieira, cada vez ganham mais espaço, que por sua vez podem, também, causar problemas, caso haja algumas cheias.

Agora vemos no Funchal:” Zona em desratização”. Placas que vão rodando pela cidade, dando ideia que a cidade está em desratização permanente!!! Outro erro, tal como dissemos, deve ser feito tudo de uma só vez, começando na Cancela e acabando nos Socorrridos, para o caso do concelho do funchal, mas deveriam continuar de imediato para os outros Concelhos. O povo costuma dizer: “quem mata um rato em Abril, mata mil “. Isto significa que é o período ideal para a desinfestação, pois logo a seguir começa a época da procriação e com cada ninhada!!!!

Aliás esse método e eliminá-los antes de se multiplicarem, é um principio que é muito usado em agricultura, nomeadamente nas pragas, como piolhos, ácaros Trips, cochonilhas, etc...que devem ser eliminados em adultos, mas não se eliminam os ovos, na maioria dos casos, e deve haver segunda aplicação antes que os novos adultos comecem a pôr ovos.

Isto significa que devemos fazer mais que uma aplicação cujo espaço entre elas está relacionado com o período e duração da gestação.

O que se faz há anos para cá só serve para gastar muito dinheiro sem qualquer efeito prático. Entendemos que deve ser feito como o foi nos anos sessenta e não como agora: matar alguns ficando outros tantos para a “conservação da espécie”.

A desratização deveria ser feita pelo Governo Regional, através de concurso público em que a empresa vencedora deveria formar várias equipas de modo a estar em permanência no campo, não deixando clareiras para trás que rapidamente de transformariam em verdadeiros “ campos de desova”.....

Estou no Seixal, como de costume neste período de Verão e de vindimas e nunca vi tanto rato com agora. Coloco veneno, armo ratoeiras e morganheiras e deito cola em cartão e todos os dias há colheita, porque mato os que me compete e os da vizinhança...