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Querido, mudei de ideias

De repente achei que estava a ver o programa de televisão onde mudam várias partes de uma casa sem que os donos saibam e depois estes esquecem o antigamente e mostram a casa aos amigos como se a nova imagem fosse criação sua. Esquecem que todos vimos pela televisão o que se passou e que a memória de uns, tal como a liderança, é melhor do que a de outros.

Mas quando olhei mais atentamente, percebi que estava a ver o líder do PS/Madeira, que na altura da casa velha era independente e hoje, com a casa nova que foi decorada por outros, é militante. Neste desfile de imagens entre o antes e o depois, lembrei-me da sua eleição em 2005 como vereador independente à Câmara Municipal do Funchal e do seu número dois, um arquiteto, por coincidência também independente. Diferenças para 2017? O primeiro é militante, o segundo continua independente, só que “lidera” (?!) a bancada do PS/Madeira na Assembleia da República. Nunca falei com o dito, nem nunca estivemos no mesmo espaço, mas jura que me conhece, pelo menos no grupo fechado do PS onde os meus amigos ainda não foram bloqueados. Não se preocupe, meu caro senhor independente, não é o único a jurar que me conhece... é uma mania que as pessoas têm em terra pequena.

Como? Independente? Não, não pode ser. Isso é só do lado dos apoiantes do Emanuel Câmara à liderança do PS/M.

Mudei de canal. Nada de jeito. Passei para a internet. Vagueei pela rede social onde se fazem notas do dia e moedas da noite. Um deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, filiado no PS, queixava-se de dores fortes e do infortúnio da vida por ter sido bloqueado pelo líder. Pensei que estava a ver as tiras da Mafalda, porque ri tanto como quando leio a obra-prima do Quino.

Descobri que não foi o único. O perfil é pessoal, dirá o homem antes de me bloquear. Então se o é, não devia apagar comentários de “amigos”, eliminar pessoas que aceitou como “amigas” e reagir visceralmente à crítica. Custa-me a crer que alguém se tenha esquecido tanto de um passado tão recente, que na sua folha de serviço esteja uma ligação independente ao partido que lidera ainda há poucos anos. Faz-me lembrar aquela história do tipo que se queixa ao médico de amnésia. Quando este lhe pergunta que tipo de amnésia, o doente diz: o que é que o senhor doutor perguntou?

Post Scriptum (ao tempo que eu não via um destes) – Já me pode bloquear, assim também deixa de me identificar sem autorização. Dá um trabalhão remover aquilo antes de aprovar na cronologia.