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Porto Moniz/Porto Santo

Ouvi um dia destes na RDP/M que o navio hidrográfico da Marinha Portuguesa iria fazer um estudo dos fundos marítimos entre a Madeira e o Porto Santo, com vista ao estudo de viabilidade do lançamento de um cabo entre as duas ilhas para um abastecimento de energia elétrica da ilha habitada mais pequena que compõem o nosso arquipélago, em colaboração com Empresa de Eletricidade, o que faria com que o Porto Santo tivesse só energia limpa, permitindo, também que a energia eólica e solar produzidas naquela Ilha poderiam ser canalizadas para a Madeira.

Note-se que se trata, apenas, para começar, de um estudo sobre os fundos marinhos, as suas profundidades, o tipo de fundo (rocha , areia) as suas distâncias e que só depois permitirá fazer um estudo de viabilidade económica. Sabe-se que essa iniciativa já é uma realidade em algumas ilhas espanholas e italianas do Mediterrâneo, mas não nos devemos esquecer que as profundidades daquele mar interior, são muito menores do que as que separam as nossas duas Ilhas principais.

Há muito que se falava num investimento desta natureza, mas os receios de altos custos fez arrefecer essa decisão. Será uma conjugação de esforços entre a Marinha Portuguesa e a Empresa de Eletricidade da Madeira, que aplaudimos, mas que aproveitamos a oportunidade para complementar essa ideia e esse estudo, que seria o lançamento de tubagem para o transporte de água da Madeira para o Porto Santo. Penso que o trabalho da Marinha servirá para estudar os dois casos: energia elétrica e água. Vejamos: A mais curta distancia entre a Madeira e o Porto Santo é conseguida a partir do Norte da Madeira, onde existe uma central elétrica (Ribeira da Janela) e água de fartura a correr para o mar (650 litros/ segundo que corresponde a 56.160 m3/dia no Seixal) Quem passa na estrada que liga o Seixal ao Porto Moniz, poderá ver essa água a correr para o mar na zona da Laje, onde já existiu uma praia de areia preta. Essa água é captada no túnel que passa por detrás do Seixal, a uma altitude que se pensa andar entre os 70 e os 80 metros e o caudal mantêm-se constante durante todo o ano. É certo que esta não é a mais curta distancia entre as duas ilhas, mas é o local de onde poderão partir, praticamente lado a lado estas duas infraestruturas.

Se considerarmos uma população de cerca de 6.000 pessoas permanentes no Porto Santo, ou de 20.000 no período estival, teríamos um consumo de água correspondente a 900/3.000 m3/dia, considerando um consumo por habitante de 150 litros/dia. Considerando ainda a possibilidade daquele máximo de habitantes poder duplicar num futuro, ou seja atingir as 40.000 pessoas, haveria uma necessidade de 6.000 m3 dia, ou seja seria aproveitada apenas um décimo, sensivelmente, da água disponível, o que poderia permitir um estudo para transportar mais água, também para fins agrícolas. Por exemplo se duplicássemos o transporte para os 12.000 m3/dia e partindo do principio que seriam necessários 30.000 litros/dia para irrigar um hectare, teríamos água disponível para irrigar cerca de 200 hectares. Outra hipótese seria o aproveitamento das águas dos esgotos devidamente tratadas para a rega, uma vez que a água originária seria totalmente isenta de sais (note-se que essa água é gerada na Laurisilva, proveniente da humidade existente no vento que sopra do mar para a terra e que se condensa nas folhas das árvores, cai no solo e vai nascer no vale da Ribeira do Seixal).

Hoje em dia existem tanques prefabricados com capacidade superior a 11.000 m3, muito mais baratos que os construídos em betão que poderiam ajudar a manter um stock de água para alimentar a estação de tratamento, para o consumo, relativamente grande.

Enfim, aguardemos o estudo dos fundos e depois os estudos complementares para os investimentos referidos. De qualquer modo acho que a população heroica do Porto Santo merece pelo menos o estudo, que poderá ser o pontapé de saída com a ajuda dos fundos europeus para uma melhoria substancial na qualidade de vida.

Já que falamos no Porto Moniz, queria também salientar o cumprimento de uma promessa da atual vereação do Município daquele Concelho, em dotar os bombeiros Voluntários de São Vicente/Porto Moniz, estacionados na zona da Santa, de uma ambulância, que não só vai melhorar a qualidade de vida dos seus munícipes, como também vai aumentar a confiança dos seus turistas, que escolhem este Concelho para passar férias ou mesmo para residir, pois passam a ter ali mesmo ao pé um serviço de transporte de urgência. Em saúde, um minuto pode valer uma vida.

Parabéns na pessoa do seu presidente, Emanuel Camara.