Artigos

Por uma política de qualidade

Este foi um mês interessante. Há uns dias ouvi um comentário na RTP a falar do turismo de Lisboa em que se dizia esperar que “não obstante o sucesso do turismo na capital se esperava que a cidade tivesse ainda espaço para manter uma personalidade própria”.

Não podia estar mais de acordo, e não posso deixar de pensar que é um colocar do dedo na ferida.

Porque a sustentabilidade de um destino tem de assentar na diferenciação, e não pode ser nunca – pelo menos apenas - uma questão de números. Aliás, considero que o número de visitantes por si só é um indicador muito pobre, mais indicador da pobreza de espírito dos administradores do destino que do seu sucesso.

A diferenciação tem de fazer-se, sob pena de sermos cilindrados pelas massas que nos visitam sem quere saber se estão em Portugal, na Tunisia ou na Turquia. É claro que podemos trabalhar com estes públicos – aliás, trabalhamos com eles – mas estamos a empregar mal as nossas potencialidades únicas e a desperdiçar todas as nossas mais valias. Porque estaremos a trabalhar com públicos que não nos podem compensar de forma adequada por tudo aquilo de que abdicamos por eles.

E a diferenciação tem de passar – também – pela qualificação. É preciso ter a coragem de dizer não, e se a condição para ter um grupo romeno (por exemplo) é vê-lo conduzido por um pedreiro (por exemplo) apenas porque ele e mais ninguém fala romeno, então assumir que não estamos equipados para lidar convenientemente com estes visitantes, e ou encontrar uma solução mais adequada, ou recusar o grupo.