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Podemos fazer melhor

Os enfermeiros estão capacitados e preparados para dar mais e melhores respostas às necessidades de saúde das pessoas

Os centros de saúde são estabelecimentos integrados na comunidade perto das pessoas onde estas podem recorrer para obter um conjunto diferenciado de cuidados de saúde fundamentais para o seu bem-estar. Os centros de saúde são parte integrante do serviço de saúde e deveriam ser a porta de entrada privilegiada do cidadão no sistema de saúde, têm de estar preparados para aconselhar, acompanhar e disponibilizar o conjunto de repostas adequadas aos problemas de saúde das famílias e da comunidade de forma global ao longo do ciclo vital.

Com a autonomia a região descentralizou a prestação de cuidados de saúde através da construção de vários estabelecimentos a nível concelhio e de freguesia, fixou localmente profissionais de saúde numa logica de crescimento e de aproximação dos cuidados às comunidades e aos lugares onde as pessoas vivem, muitas delas distantes dos grandes centros e do hospital.

Com a reforma do inicio da década de noventa a região edificou a estrutura orgânica e o funcionamento do serviço regional de saúde, em duas vertentes, os hospitais e os cuidados de saúde primários, criando três sub-regiões de saúde. Esta reforma durou mais de uma década. Teve varias alterações sem nunca ter atingido o seu objetivo primordial, criar uma verdadeira relação de proximidade, numa visão global ao longo do ciclo vital de forma integrada com os restantes níveis de cuidados, perseverando a qualidade e a segurança na prestação de cuidados ás populações.

Conhecemos os problemas legados e sabemos que as múltiplas questões de saúde das pessoas e das comunidades, não se esgotam na intervenção de um único profissional, nem nos recursos existentes nos centros de saúde. A atual reorganização dos cuidados de saúde primários procura impor por via de um quadro normativo uma falaciosa articulação e integração de cuidados, subverte a autonomia dos profissionais, não respeita as intervenções dos diferentes atores, dificultando o acesso do cidadão à globalidade dos cuidados a um custo que a comunidade dificilmente poderá comportar.

Os enfermeiros pela sua missão, formação e competências estão capacitados e preparados para dar mais e melhores respostas às necessidades de saúde das pessoas, numa área onde o fulcro da atividade é a promoção da saúde e a prevenção da doença.

Perante os dados conhecidos onde se perspetiva o crescimento da população idosa com multi-patologias crónicas, polimedicada, que se quer manter na sua residência, com acompanhamento quase permanente, aumentará as necessidades de cuidados domiciliários, os enfermeiros são dos profissionais melhor posicionados para organizar, sistematizar e efetivar as respostas mais adequadas as necessidades dos cidadãos numa logica de proximidade e eficiência no funcionamento dos serviços.

Sem mudança de paradigma vamos continuar a assistir a constrangimentos nos serviços com reflexo nas altas problemáticas, na sobrelotação dos lares e nas escassas repostas da incipiente rede regional de cuidados continuados.