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Os reis do ‘copy paste’

Há aqueles que sejam em que cargo estiverem, aproveitam-se das ideias dos outros sem qualquer pudor

O mercado de trabalho exige cada vez maior capacidade de adaptação às tendências internacionais, aprendizagem contínua e flexibilidade para lançar conteúdos válidos no mercado, mas curiosamente os centros decisores, não parecem acompanhar essa exigência, muitas vezes vemos os projectos apresentados, inviabilizados por falta de orçamento, mas são estrategicamente guardados em gavetas, aparecendo mais para a frente no tempo, com outro nome, ou com mais uma virgula...A esta vergonha, costumo dar o nome de “Os Reis do copy paste”, aqueles que sejam em que cargo estiverem, aproveitam-se das ideias dos outros sem qualquer pudor.

Os poderes de decisão teimam em fazer as coisas como sempre foram feitas, sem pensar, sem inovar, sem objetivos de qualidade concreta e apenas com o objectivo do sucesso ser ditado por uma página bonitinha numa dessas revistas cor de rosa duvidosas. Como tal algumas das consequências estão à vista de quem dedicar cinco minutos por dia a percorrer as principais páginas das redes sociais, porque, como todos sabemos, as pessoas têm falta de tempo e “emprenham pelos ouvidos”, em vez de IN loco, verem com os seus olhos, sentirem no coração e aí sim, formalizarem as suas opiniões.

Salvo honrosas e raras exceções, vemos conteúdos fraquíssimos, autênticos copy paste uns dos outros e o mais grave, é que são uns atras dos outros, e o nível é sempre a descer, alguns que se inspiram nas ideias dos outros e a na imposição de copy paste de conceitos internacionais mal “traduzidos”, daí para baixo venha o diabo e escolha. E o problema maior dessa via fácil é que as pessoas não percebem que por vezes um conceito pode resultar muito bem num espaço ou num determinado mercado e pode não funcionar no outro e às vezes na adaptação reside a “morte do artista”. É que para além de copiar muitas vezes, nem sabem copiar com a devida atenção às particularidades inerentes e aos factores de adaptação a ter em conta.

É por isso cada vez mais complicado encontrar conceitos inovadores e existir quem aposte neles uma vez que implicam outro tipo de custos e de riscos. No entanto, é no assumir destes fatores disruptivos que se criam novas tendências e produtos altamente rentáveis. Num mercado global em que nada ou quase nada é inventado é importante ter em conta uma série de variáveis que há algum tempo eram ignoradas ou mesmo desconhecidas.

Há no entanto um cansaço latente do mercado em relação a conceitos que nada acrescentam porque acabam por passar ao lado do público-alvo que pretendem atingir. O público é cada vez mais inteligente e bem informado, beneficiado pelo facto de em cada casa haver um comando de uma box de televisão que faz com que as pessoas possam viajar através do “zapping” sem terem de sair do sofá, selecionando cada vez melhor o que pretendem.

Os que apostam na inovação em novas ideias e no desenvolvimento criativo de produtos específicos para cada cliente estarão seguramente muito mais próximos de ter um futuro sustentável do que os imensos reis do copy paste que andam por aí.