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Os números não enganam

No passado dia 8 de junho foram notícia alguns dados estatísticos que a PORDATA (Projeto da Fundação Francisco Manuel dos Santos – Serviço de Informação Estatística sobre a Sociedade Portuguesa) apresentou, relativamente à Região Autónoma da Madeira (RAM). Destes dados estatísticos, realce-se os 65% da população com baixa escolaridade, sendo esta média pior que a média nacional e, para a qual, foram tidos como referência os madeirenses com 15 anos ou mais que têm até ao 9º ano. Relativamente à taxa de abandono escolar precoce, ou seja, os jovens que abandonaram os estudos sem terminarem o secundário, na Região Autónoma da Madeira a média é de 23% enquanto a média nacional se situa nos 14%.

Estes dados apenas corroboram a premissa de que, no passado, a educação não teve a devida prioridade, que, infelizmente, se descurou a Educação e a Cultura em detrimento de outros setores. O betão falou mais alto e agora os resultados estão à vista!

Em matéria de Educação, num momento em que está a terminar o ano letivo 2017/18, e já se prepara o próximo ano letivo, considero de extrema importância haver uma aposta séria e uma mudança de paradigma, relativamente às políticas educativas. É necessário criar um modelo educativo cativante e que fomente, ainda mais, a participação dos alunos num processo que se pretende que seja educativo, de ensino e aprendizagem, mas que também fomente a participação dos pais ou encarregados de educação na vida escolar dos seus educandos. É fundamental pensar em mecanismos e estratégias para “levar”, ainda mais, os pais/encarregados de educação a participarem na vida escolar dos seus educandos. A lei já contempla a dispensa ao trabalho para deslocação à escola, devem os pais/encarregados de educação aproveitar esse direito legal e compete à entidade patronal cumprir o que está estipulado na legislação em vigor.

Ainda em relação aos dados apresentados pela PORDATA, relativamente à RAM, em 2016, por cada 100 desempregados, 70 estavam desempregados há um ano ou mais. Em situação análoga ao nível nacional, eram 62 por cada 100 desempregados. Na realidade atual, embora reconhecendo uma ligeira redução na taxa de desemprego, continua a ser preocupante o facto de muitas famílias na RAM estarem a passar pela experiência de um ou até ambos os cônjuges não terem emprego. O desemprego na RAM atinge números acima dos 17 mil desempregados. Números que não podem deixar indiferente quem nos governa!

No entanto, não se compreende as palavras do Sr. Vice-presidente do Governo Regional, que no passado dia 14 de junho na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, afirmou: «aquilo que eu sei é que hoje as empresas na Madeira, em todos os setores, querem mão-de-obra e não há mão-de-obra para trabalhar». A estas palavras, coloca-se a questão: que realidade madeirense é que o Sr. Vice-presidente conhece para fazer esta afirmação? Uma realidade fictícia e imaginária?