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O volante

Continuaremos a liderar pelo exemplo, com todos e para todos. Sempre com os olhos na estrada e as mãos no volante

Apanhei um susto. Logo ao acordar, e num ritual de há muitos anos, leio a imprensa escrita e as notícias que fazem a história dos nossos dias. E o susto foi ao ver no Diário o artigo da Guida Vieira. Não por discordar, bem pelo contrário, muito menos pela pessoa que é, uma grande amiga por quem nutro uma admiração especial, ou não fosse ela uma mulher de causas e um exemplo de princípios e de convicções. O meu susto foi outro: foi saber que escrevo sempre o meu o artigo no dia seguinte ao da Guida e já não me lembrava que o tinha de escrever...

Um sentimento ainda bem presente, depois de uma campanha eleitoral duríssima, em que todos os horários pareceram esticar, em que os dias se confundiram com as noites e em que havia sempre mais um sítio para chegar. Foi tão recompensador como avassalador e, depois do frenesim da noite eleitoral, tinha acabado de contemplar uma agenda vazia, coisa que sinceramente já não me lembrava o que era, preparando-me para uns dias de descanso, que todos quantos fizeram parte desta grande viagem merecem absolutamente.

Pus-me, assim, a pensar no que vos havia de dizer e, como já devem estar cansados da campanha eleitoral, e ao contrário do que podiam imaginar, não vou falar do futuro, nem dos compromissos assumidos e contratualizados agora com a vitória eleitoral. Serão cumpridos! Pensei, então, neste percurso que tenho feito, sem alguma vez o ter planeado, mas que tenho percorrido com muita dedicação, convicção e paixão. Acredito que faz bem olhar para o retrovisor, sem nunca tirar os olhos da estrada que temos pela frente. Esse olhar permite-nos ser coerentes com o que somos, para “quando chegarmos não nos esquecermos de onde partimos”, como tão sabiamente escreveu o José Luís Peixoto.

E olhei para trás, para o que há quatros anos afirmei na tomada de posse como Presidente da Câmara do Funchal. Disse que aquele era o primeiro dia de um novo tempo, o início de uma nova História na cidade do Funchal. Disse que, naquele dia, começava a Primavera da Cidadania. Foi uma ocasião absolutamente histórica e inesquecível, que marcou a mudança na maneira de fazer política nesta cidade. Um projeto que precisava e que contou com a participação massiva dos cidadãos comuns, uma candidatura de convergências e de vontades numa cidade que ansiava por esperança. Nada me orgulha mais até hoje do que dizer que estivemos à altura dessa esperança.

Definimos, desde esse dia, eixos estratégicos que apontaram na direção da cidade que pretendemos: uma cidade democrática, ágil, transparente e participativa; planeada e de fácil mobilidade; inclusiva, solidária e cooperativa; turística, autêntica, atrativa e dinâmica; saudável, protetora do ambiente, da natureza, dos animais e do património edificado; educadora, criativa, inovadora e vibrante. Nada disso seria possível, reiterei-o na altura, sem construir pontes com todos para um efetivo desenvolvimento do Funchal, pelo que a todos cabia o dever de demonstrar abertura democrática e a responsabilidade de criar um diálogo construtivo, numa cidade e numa sociedade inclusiva, democrática e solidária, mas livre e sem medo.

O melhor atestado de confiança para o que continuaremos a fazer nos próximos quatro anos, é justamente o que já fizemos. Continuaremos a liderar pelo exemplo, com todos e para todos. Sempre com os olhos na estrada e as mãos no volante. Sem nunca esquecer de onde viemos e para onde vamos.