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O outro lado do “Escolartes”

Mais de quatro mil crianças das Escolas do 1º Ciclo da Região Autónoma da Madeira participaram num evento que junta a dança, a música e o teatro num espetáculo em que os alunos exibem as aprendizagens assimiladas ao longo do ano letivo, que agora termina. Denominado de “Escolartes”, este evento espelha as excelentes aprendizagens dos alunos no domínio das artes, bem como o excelente trabalho dos professores e restantes membros da Comunidade Educativa.

Contudo, há um lado do evento que a comunicação social não divulga, deliberadamente ou não, mas que convém denunciar publicamente para que este ou outro problema não se volte a repetir. Assim, registou-se a deslocação à Madeira, das Escolas do Porto Santo: E.B.1 com Pré-Escolar do Porto Santo; E.B.1 com Pré-Escolar e Creche do Campo de Baixo; Externato de Nossa Senhora da Conceição (Pré-Escolar e 1º Ciclo), cerca de 60 crianças com idades entre os 7 e os 10 anos. Chegada ao Funchal pelas 21.30h, no dia 8 de junho, após a longa viagem no barco “Lobo Marinho”, as crianças e os professores que as acompanhavam foram convidados a deslocar-se a pé do Porto do Funchal até à Pousada da Juventude, levando às costas as suas mochilas. Na sexta-feira de manhã foram novamente convidados a deslocar-se a pé da Pousada da Juventude até ao Madeira Tecnopólo. Depois, na hora do almoço, como ainda não estavam cansadas, as mesmas crianças fizeram a pé o percurso até à Escola Básica do 1º Ciclo com Pré-Escolar da Achada para almoçar. Após a refeição, regressaram, novamente, a pé até ao Tecnopólo.

Aguardaram a sua vez para atuar, fizeram a sua atuação e, novamente, desceram a pé desde o Tecnopólo até ao Porto do Funchal para apanhar o barco de regresso ao Porto Santo. Enquanto as crianças se deslocavam até ao Porto, uma professora, com recurso a uma boleia, foi comprar o jantar para comerem a bordo do “Lobo Marinho”.

Esta triste “peripécia”, que não foi noticiada, é lamentável e mostra as falhas graves da organização. Se os pais e encarregados de educação destas crianças soubessem que os filhos iriam fazer todo este percurso a pé, teriam consentido esta participação no “Escolartes”?

Não basta parecer que é tudo um sucesso. A realidade deste evento, infelizmente, não é o que aparenta ser! Há que ter cuidado para que estes erros não se cometam no futuro!