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O mar e a atractividade da Madeira

Tenho para mim que o elemento “mar” tem necessariamente de fazer parte do pacote promocional da Madeira para qualquer dos mercados em que decida promover-se.

A promoção da Madeira pelo mar tem de ir muito mais longe que a paisagem, e tem de promover uma ligação muito mais próxima do que aquela que se tem verificado ao longo dos últimos anos, nomeadamente pela criação de modelos que favoreçam maior interacção de residentes e visitantes com o oceano que nos rodeia, ao longo de todo o ano.

Esta aproximação ao mar deve mesmo ser vista como uma espécie de “desígnio”, se quiserem, favorecendo a criação de mais-valias e sinergias entre as ilhas do arquipélago e dos arquipélagos do Atlântico.

Não estou muito preocupado com as quebras de procura no mercado de cruzeiros. Sempre achei que era um mercado mais importante em termos de promoção de novas visitas do que como um gerador importante de rendimento, e desde há muito tempo que as visitas mais frequentes ao porto eram feitas pelo sector mais barato do mercado, o que acabava por nos promover em mercados que, em última análise, nos interessam menos.

Por outro lado, a presença (especialmente simultânea) de navios de grande porte no porto do Funchal acaba por criar problemas de pressão turística sobre a cidade e os seus habitantes, mas também sobre os seus visitantes mais “rentáveis” (em ultima análise porque ficam aqui mais tempo...), com todas as consequências para a imagem da cidade e do destino.

A pressão exercida pelos turistas no Funchal já significa que há estruturas que deixaram de ser vocacionadas para os residentes, e que se viraram quase apenas para os turistas, como sejam, por exemplo, a cidade velha e o mercado – mais uma vez com consequências para a imagem e pressão do turismo, e o bom nome do destino.

Uma última palavra para o ferry: já se viu que não é só para “meia dúzia”. Não tenho dúvidas que só será rentável com um maior enfase no transporte de carga. É um elemento fundamental na redução de preços ao consumidor, nomeadamente em termos de perecíveis. Deveria ser vendido como um elemento fundamental de continuidade territorial, em parceria com os Açores, promovendo ligações entre Lisboa (idealmente Santa Apolónia ou Alcântara) e Funchal e Ponta Delgada, semanais, ao longo de todo o ano. E entendido como elemento de continuidade territorial e de unidade nacional, podendo assim ser financiado em conjunto pelo Estado e pelas duas regiões autónomas.

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