Artigos

Há ir e ir... e há ir e voltar!

Não podemos estar sempre reféns do vento, da chuva e do mar alterado, afinal, reféns da civilização

O maior problema das ilhas são o seu acesso! Porquê? Pela sua descontinuidade, e assim, pela falta de alternativas! E, só politicamente se resolve essas incapacidades ou descontinuidades territoriais. As ilhas portuguesas viveram durante muitos anos “protegidas” por uma companhia de aeronáutica civil, oficial, subsidiada pelo Estado. Por esse motivo os arquipélagos tinham garantias da TAP, facilitando todos os transportes aéreos, as mudanças de datas das viagens, os apoios nos atrasos, nas intempéries metereológicas, etc, etc. Tudo de borla, com o Estado a pagar ... ou seja o contribuinte ... mas sempre para seu benefício directo. Também haviam transportes marítimos, como alternativa, mais demorados, é certo, mas possíveis e utilizáveis, que realizavam a importação e exportação de muitos produtos fundamentais á economia regional. Portanto, os acessos ás ilhas, por vezes difíceis, ás vezes impossíveis, tinham uma salva-guarda e uma defesa estatal. No entanto, os locais de chegada e partida, marítima ou aérea, nunca foram aposta séria e principalmente suficiente, da política regional. Devíamos ter um porto maior e melhor e um aeroporto com alternativas mais exequíveis. Em algumas coisas na vida, ter a mais não é problema mas é a solução! Com as alterações climatéricas, frequentes, com as alterações da funcionalidade das empresas transportadoras aéreas e com a ausência de transporte marítimo regular, tudo se alterou. Coincidindo também com um aumento da procura turística, nos espaços atlânticos, provocou-se assim, uma “trombose” nos acessos ás ilhas. Será que o Estado Português se pode esquivar da sua responsabilidade nos acessos, no seu território? Será que estão a fazer um favor em resolver este imbróglio? Não é possível, ainda estarmos a discutir a continuidade territorial, legítima e absoluta, entre as ilhas e o continente! Ninguém, a não ser os ilhéus, entende na integra, o que é viajar de casa ou para casa e não saber quando vai ou quando volta ... se são 10 horas ou se são 2 dias! Por isso se entende a dificuldade dos políticos de gabinete do continente, em perceber esta instabilidade cada vez mais frequente e stressante!

O maior inimigo da mobilidade é a imobilidade - lembrem-se das artroses !!! - que já devia ter sido resolvida, antes, definitivamente, porque devia ser a primeira prioridade regional, desde o início da democracia!

Finalmente, vamos ter transporte marítimo alternativo, muito desejado, muito útil e muito justo. Não é favor nenhum, porque se trata de uma absoluta necessidade, que andou muito esquecida na metrópole e na espaço europeu. A palavra insularidade - que é uma palavra políticamente rentável - deve mudar o seu significado negativo, porque está a ser prejudicial para todos os ilhéus. Porque essa insularidade serve como fruto de distanciamento e de evolução.

Não podemos estar sempre reféns do vento, da chuva e do mar alterado, afinal, reféns da civilização! As soluções existem e têm de ser postas em prática!

Boas férias ... para quem merece!