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Feijão e massarocas

Estamos no verão e, como ainda é hábito em muitos lares do Norte, a base da alimentação passa ainda muito pelo que a terra dá. É o que muita gente chama “comer da fazenda”. Um dos pratos tradicionais desta época é o feijão com massarocas e semilhas, com ou sem conduto, sendo que, quando este existe é normalmente atum ou bacalhau de escabeche.

Mas para colher alguma coisa da fazenda é necessário plantar e acima de tudo cuidar, regar, mondar, meter as varas (no caso do feijão), entre outras coisas.

Numa conversa a propósito do feijão com massarocas, falava-se da dificuldade de ter (produzir), este ano, o feijão do cedo. A maioria dos presentes era de opinião que foi devido ao tempo muito chuvoso que não o deixou nascer em condições.

A meio da conversa, o Lua, que tem andado pela Venezuela, meteu a colher para dizer:

- Lembro uma vez que o Daniel do Avesseiro...

- O que será que vai sair daí? - interrompe o Ganso. - Coisa boa não me parece.

- Vocês já ouviram desta? Ele andava a regar o feijão e o milho com a mulher ou filha, já não me lembro...

- Não sabes não inventes, é alguma mentira! - interrompe o Cardoso.

- Mira, não, não. Foi verdade! Lembro-me do pessoal falar nisso antes embarcar. Diziam que o Daniel andava a puxar a água no meio do feijão e a (I)Sabel estava no tornadoiro da levada para tapar quando ele mandasse. Quando ele deu a ordem para tapar ela feita tonta perguntou, ‘com quê’? O Daniel que estava estuporado porque a água era uma escurralha de nada e não rendia respondeu-lhe com raiva em alto e bom som ‘com o foseco, sua burra’.