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E viva a democracia!

nas penúltimas eleições autárquicas, surgiram os primeiros “rebeldes

Até ao final desta semana, terão tomado posse os autarcas eleitos em resultado no último acto eleitoral. Mais um onde se revelou a maturidade política que permitiu aos cidadãos eleger os seus autarcas locais. Convém lembrar que, noutros tempos, estes autarcas eram escolhidos a dedo e tinham que ser da confiança do regime, independentemente das suas capacidades e competências.

Na sequência, convém, também, recordar que durante muito tempo as autarquias da Madeira foram transversalmente governadas pelo mesmo partido. O povo, democraticamente, escolhia os candidatos que o “partido” maioritário indicava. E ponto final! Com algumas excepções que confirmam a regra.

Mais recentemente, também a nível nacional, surgiram os “movimentos de cidadãos” que, em muitas autarquias, arrecadaram as simpatias das populações locais. Nestes casos, claramente, os partidos foram relegados para segundo plano, por razões das mais diversas, nomeadamente, o candidato a candidato não ser do agrado dos dirigentes partidários, “independentes” com projectos mais próximos das aspirações das populações e maior vontade de afirmação no contexto local, com propostas de soluções mais adequadas às expectativas do povo, etc.

Na Madeira, nas penúltimas eleições autárquicas, surgiram os primeiros “rebeldes”. Leia-se elementos que quiseram apresentar o seu projecto à revelia do partido a que pertenciam e outros criaram movimentos de cidadãos.

Do meu ponto de vista, estes movimentos de “rebeldia” continuam a revelar uma maior maturidade política de candidatos e eleitores. Ainda mais acentuada nas últimas eleições! De facto, uma análise dos resultados obtidos nalguns círculos revelam uma verdadeira escolha, na eleição dos autarcas. Dos casos que me suscitou mais curiosidade nesta análise, destaco duas situações reveladoras desta minha conclusão. Em duas autarquias, o povo comportou-se de forma claramente divergente do habitual, mas em consonância com uma consciencialização do acto em que participaram. Numa autarquia, a grande maioria do povo manteve a “tradição” para as assembleias de freguesia e municipal. Mas rejeitou claramente a proposta para a Câmara porque o seu primeiro candidato não inspirava confiança, não era digno do seu crédito. Pelo contrário, na segunda autarquia, o povo também se manteve maioritariamente fiel no voto ao partido tradicional para as assembleias, mas, para a Câmara, reconheceu mérito e gratidão ao “rejeitado” pelo sistema e renovou-lhe o mandato.

Um escolhido pelo partido e rejeitado pelo povo. Outro rejeitado pelo partido, mas eleito pelo povo!