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Dez anos do projeto ‘Temporada Artística’ (2006-2016)

De 19 a 22 de abril vai decorreu a 25.ª EAS Conferência Europeia do ISME em Salzburg-Áustria. Portugal esteve representado apenas por dois investigadores da UNL-FSCH (INET-md) e CESEM, que, em conjunto com outra colega do CIE-UMa, vêm investigando as boas práticas artísticas desta Região Autónoma, apresentando os resultados em conferências europeias e mundiais. Algumas destas investigações já se encontram publicadas em revistas científicas, perpetuando, desta forma, os resultados alcançados. Desta feita a investigação teve por objectivo primordial avaliar os últimos 10 anos de um dos projectos da DSEAM, a “Temporada Artística” (TA). Assim, e em jeito de conclusão, podemos divulgar que este projeto conseguiu alcançar, ao longo desta década os objetivos propostos, com uma forte dinâmica nas sinergias criadas por uma rede de parcerias que permitiram melhorar a educação artística dos alunos envolvidos, tendo inclusivamente aumentado o número de horas de estudo dos alunos. Ao longo deste período o projeto permitiu a realização de uma média anual de 207 eventos e de 56.201 espetadores por ano, o que dá uma média de assistência aos eventos de 274 espetadores, maioritariamente madeirenses e porto-santenses. Também foi possível observar que os alunos e os docentes envolvidos aumentaram a sua motivação para a prática artística, por participarem nos grupos que protagonizam a TA. Assim, foi possível concluir um conjunto de benefícios inesperados no início do projeto tais como: (1) uma maior partilha online de vídeos, partituras e outros recursos educativos entre alunos – em redes sociais criadas por docentes e alunos –, que potenciou a aprendizagem informal em grupo entre pares; (2) criação de espaços de relação entre gerações – grupos com professores, alunos e por vezes participação de profissionais; (3) potenciou um maior desenvolvimento da prática musical individual da parte dos alunos; (4) uma maior comunicação da organização com a família, propiciando um maior reconhecimento e envolvimento da mesma; (5) propiciou o contacto com a realidade local, visto que levou os jovens a situações de atuação em contexto profissional para um público e não apenas no interior da escola. Apesar do sucesso e dos efeitos positivos do modelo de parcerias estabelecido no projeto da TA, foram observadas algumas situações que podem e devem merecer reflexão, ficando de seguida algumas das recomendações da parte da equipa de investigação: (1) Aumentar o número de espetáculos interativos, principalmente em comunidades com poucos hábitos culturais – O sucesso do ciclo “espetáculos interativos” poderia ser mais vezes replicado ao longo do ano. Estes eventos têm a participação dos alunos das escolas das localidades e são importantes para sensibilizar as crianças e envolver os seus familiares, contribuindo assim para aumentar hábitos culturais em comunidade; (2) Aumentar o número de espetáculos pluridisciplinares (óperas, musicais e bailados) – Estes eventos são complexos de produzir mas contribuem para aumentar o nível de exigência dos alunos e docentes envolvidos nos projectos, bem como são muito atrativos para o público madeirense; (3) Incentivar parcerias com músicos profissionais e grupos artísticos onde se realizam os espetáculos – O projeto TA ainda envolve poucos músicos profissionais e poucos grupos artísticos amadores. Esta seria uma estratégia que ajudaria a valorizar o papel dos músicos profissionais e dos grupos amadores e simultaneamente poderia servir de fator de motivação para os alunos, inclusivamente para futuramente virem a integrar estes grupos amadores; (4) Criar programa para intercâmbios artísticos – Apesar de existirem alguns grupos artísticos que realizaram intercâmbios no âmbito do projeto da TA, o potencial de crescimento desta área ainda é bastante. Tendo em consideração que é um fator de motivação importante para os alunos, a realização de intercâmbios deveria ser uma das prioridades do projeto, recorrendo, se possível, a fundos europeus; (5) Encontrar estratégias para envolver mais os parceiros – Ficou notório neste estudo que alguns parceiros não têm o envolvimento desejável no projeto. Será importante para a sustentabilidade do projeto encontrar os fatores de motivação para o seu maior envolvimento; (6) Alargar a rede ao ensino artístico especializado – O projeto da TA tem trabalhado quase exclusivamente com alunos do ensino regular e de ocupação de tempos livres. Pontualmente, já teve algumas parcerias com o Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira, instituição responsável pelo ensino artístico especializado. A inclusão de alunos desta organização poderia contribuir para elevar a qualidade artística de um conjunto de eventos do projeto da TA; entre outras.