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Dança o quanto libertas!

Porque danças? Porque na vida há muitas coisas que oprimem...mas quando danço, sou livre! Esta poderia ser apenas uma das razões pelas quais a dança tem forte presença e influência na vida das pessoas (de qualquer idade), cada um vivendo à sua maneira, experienciando diferentes sentires, e mesmo para aqueles que não gostam de dançar (ou sentem constrangimento em fazê-lo em público) ninguém fica indiferente ao movimento ritmado do corpo, acompanhado pelo som e compasso da música - que envolve a expressão de sentimentos potenciados por ela.

Costuma dizer-se que qualquer pessoa sabe dançar. A dança surgiu na Pré-história, quando os homens batiam os pés no chão, e com o passar do tempo, foram dando mais intensidade aos sons, descobrindo que seriam capazes de criar outros ritmos, conciliando os passos com a música. É uma linguagem simbólica, onde se pode “contar” histórias, que envolve todas as faculdades do ser humano: cognitivas, físicas e afetivas. Ao dançar o corpo entra em atividade favorecendo a comunicação de pensamentos e emoções que transmitem o que se vive no momento...mais do que o movimento em si, é o sentir que comanda o corpo.

Sempre que a música invade o corpo e este expressa o que vai na “alma”, ensaia-se a vida...choram-se as mágoas, comemoram-se as conquistas, libertam-se as emoções de que atormentam o nosso interior e surge uma energia renovada, para assim, continuar a viver os desafios do dia a dia. Há quem prefira dançar sozinho, mas muitos tipos de dança (bachata, tango, kizomba, valsa, entre outras) apenas ganham sentido em parelhas, por isso são veículo para o estabelecimento de relações sociais e afetivas. Ao confiar no outro para deixar-se guiar (normalmente é o homem que conduz a mulher) estabelecem-se novas formas de comunicação e interação, em que a aceitação do outro e o rompimento com ideias pré-concebidas são uma condição essencial para a existência de respeito entre os pares. Tal como na vida, nem sempre os encontros e a escolha do(s) par(es) é a mais acertada e gratificante, por isso na hora de invadir a pista de dança, procura-se aquela pessoa com quem sentimos maior cumplicidade.

A dança é também veículo da alegria, sentimo-nos contagiados até mesmo como observadores, e para muitos, é impossível ficar apenas a assistir - contendo a vontade de juntar-se ao movimento. Nas palavras de Fux (1983), teórica da dança, dançar faz fluir sensações de alegria, provenientes da forma lúdica de movimentar-se livremente. Já desde a infância, a dança produz efeitos terapêuticos que proporcionam formas de expressar alegria, tristeza e euforia, permitindo que a criança aprenda a lidar com os seus problemas, aumentando o seu repertório e possibilitando o identificar e nomear os seus próprios sentimentos e pensamentos, gerando um maior conhecimento e consciência de si.

A participação em atividades de dança pode potenciar o desenvolvimento interpessoal, quase como um “remédio” que melhora a saúde física e psicológica, com melhoria no tratamento de determinadas doenças, como por exemplo a depressão, diabetes, situações de pânico e transtorno bipolar (Guimarães et al., 2003).

E assim, são muitos os motivos para nos deixarmos invadir por um momento de dança no dia 29 de abril, em que se assinala esta data internacional, em de todo o mundo. Quando perguntarem “aceita dançar comigo?”, liberte-se e aceite o desafio das emoções intensas que esta vivência pode proporcionar!

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