Artigos

Como vamos pagar o nosso envelhecimento?

Muito se tem falado e escrito sobre o problema de envelhecimento populacional que é uma realidade bem presente no caso português. A percentagem de idosos (indivíduos com 65 ou mais anos no total da população) aumentou, entre 2001 e 2010 de 16,5% para 19,3% no Continente, de 13% para 13,1% na Região Autónoma dos Açores e de 13,7% para 14,9% na Região Autónoma da Madeira, sendo que no Continente o número de idosos, em 2011, era quase 1/3 do número de indivíduos potencialmente ativos (dos 15 aos 64 anos).

Perante esta realidade muita da discussão se tem centrado na sustentabilidade do sistema existente de Segurança Social onde os trabalhadores atuais descontam para pagar as reformas, pois o esforço a exigir, no futuro, aos mais novos pode tornar-se inaceitável pelos mesmos e levar a quebras da solidariedade intergeracional que o sistema implica. Penso, no entanto, que o problema tem uma dimensão que ultrapassa o da Segurança Social que é a incapacidade dos idosos virem a conseguir manter a sua qualidade de vida com as reformas que recebem, isto porque as despesas que vão enfrentar serão extremamente elevadas, em particular as despesas de saúde e de apoio ao seu dia a dia.

Lembro-me de em 2012 ter integrado um júri de Doutoramento na Escócia onde a candidata tinha estudado a possibilidade de os jovens idosos (indivíduos entre os 60 e 75 anos) conseguirem, através do seu trabalho voluntário, apoiar os mais idosos (acima de 75 anos) e a conclusão que chegou foi que tal não era suficiente e que a Escócia teria que permitir a imigração, pois não tinha população disponível suficiente para o trabalho que os mais idosos vão exigir no futuro.

Acredito que em Portugal se irá passar o mesmo, por isso devemos defender, a nível da Europa, políticas de livre movimentação de pessoas de países com população mais jovem (incluindo, por certo, os refugiados) tornando o custo do nosso envelhecimento suportável no futuro.