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Carlos e os históricos da marcha fúnebre

Se há coisas que me deixam preocupada é a minha memória. E a frequência com que as pessoas me perguntam por episódios com 20 ou 30 anos. Por exemplo, conheço o líder socialista regional há mais de três décadas e lembro-me perfeitamente da sua carreira tanto na ACIF como nas estreitas ligações profissionais ao ex-secretário do Turismo.

Não estou aqui para avaliar o seu mérito ou demérito político, mas convém lembrar que o congresso dos socialistas é do mais puro que existe em democracia. Num partido que se apregoa livre, cada um é livre de concorrer. Ou será que não foi o actual líder que o disse anos a fio, troçando com a “ditadura” laranja? Não entendo porque não aceita o conceito agora que é o seu lugar que está a ser, segundo o próprio, “assaltado”. Da mesma forma que não entendo a atitude “fénix” daqueles históricos que sempre significaram derrotas estrondosas para o partido. Deles, só me lembro o desfile pela Rua Dr. Fernão Ornelas atrás da banda que tocava a marcha fúnebre e parou demoradamente na porta da minha então entidade patronal, o Jornal da Madeira. Ganharam mais 90 amigos nesse dia, os históricos.

Deles, só me lembro das “malhas” que levavam nas urnas, mas também me lembro das vitórias dos Ricardos. O Franco, que foi uma escolha de Victor Freitas, o antigo líder, em 2013, para reconquistar Machico ao PSD e o outro, o Freitas, que tem tido vitórias sucessivas lá no sindicato.

De resto, vi na apresentação oficial da candidatura um outro histórico: Martins Jr.. Que se tornou histórico por não ser militante do Partido Socialista até hoje. Ou será que essas coisas de criticar o apoio de independentes só funciona na lista do “outro”?

Deixo aqui claro que não sou amiga pessoal de Emanuel Câmara, tenho com ele a relação profissional que tenho com Pereira e ainda me lembro das suas ameaças quando, em serviço do Diário, eu fazia a cobertura dos jogos de futebol e era, por ser uma miúda de 19 anos, o elo mais fraco. Acho que na altura ele ainda me parecia maior. Agora, o homem fez história ao roubar, (ou será “assaltar”), um concelho laranja e as suas quatro freguesias com resultados expressivos. É pouco polido politicamente, mas o povo, o tal que conta na altura das eleições, parece gostar mais disso do que de lencinhos de seda no bolso superior do casaco e atestados de incompetência passados a deputados eleitos quando se votam moções de censura. Sobretudo quando nunca se ganhou nenhuma eleição na vida... porque o actual líder só se se submeteu ao escrutínio do povo contra Albuquerque à Câmara Municipal do Funchal e foi derrotado. Quererá ele em 2019 perder novamente como em 2005, quando teve metade dos votos do adversário? Se a memória não me falha, claro.