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Atirar a pedra e esconder a mão

Recordo que vivemos em democracia, onde cada a qual tem direito à sua opinião

Tenho algum respeito pelos que, sujeitos a algum tipo de assédio ou coação, com receio de serem prejudicados por exprimirem livremente a sua opinião ou denunciarem situações que os constranjam, escrevem sistematicamente sem assinar nas “Cartas do Leitor”. Porém criaturas que atiram a pedra e escondem a mão, aproveitando o anonimato para “mandar bocas” sem coragem de assumir a autoria das mesmas, refugiando-se atrás de iniciais, T.C., M.J. ou outras, parece-me, no mínimo falta de coragem e inconsequência cidadã.

Recordo que vivemos em democracia, onde cada a qual tem direito à sua opinião, mas essa liberdade também implica que devemos ser responsáveis, assumindo o que escrevemos. Atitudes destas são habituais na impunidade das redes sociais, mas não com a imprensa escrita, sobretudo quando o órgão não é o “Correio da Manhã”.

Capitalismo selvagem

1. Alguma direita, useira e vezeira em adjetivar quem se lhe opõe de “extrema esquerda” fica muda e queda perante situações, como a da TAP e da RYANAIR, companhias que atuam sem qualquer outro tipo de preocupação que não seja a do maior lucro, tornando reféns os cidadãos e o OGE, dependentes de serviços essenciais como os transportes. Relativamente à RYANAIR, a doença, os direitos de parentalidade e a legislação dos países, são “tábua rasa”, porque isso afeta o lucro da companhia, e quem se atrever a exercer qualquer dos seus direitos vai pura e simplesmente para a rua.

2. 10 anos e 14.300.000€ depois, continuam os cidadãos a “correr atrás do prejuízo” dos bancos sendo obrigados a injetar a curto prazo mais 480 milhões no Novo Banco. Se dividirmos a soma destes valores pela população constatamos que cada um de nós contribuiu(rá) com 1.478€. Gestores pagos a “peso de ouro” não souberam ou não quiseram avaliar os riscos dos empréstimos e das respetivas garantias, de braço dado com os políticos/empresários sob o beneplácito benévolo do Banco de Portugal, e juntos conduziram-nos à atual situação para a qual ainda não se vislumbra um fim. Antes pelo contrário, surgem novas ameaças como a que representa o Montepio. Para este capitalismo, os lucros são privados e os prejuízos públicos. Que aconteceu a quem pediu e não pagou? E a quem devia ter recusado os empréstimos e contra toda a racionalidade, emprestou? Não me consta que esteja alguém por essa razão na cadeia.

3. Em relação aos demais bancos que operam na nossa praça somam e seguem numa senda de usura e agiotagem, fechando balcões, diminuindo postos de trabalho, aumentando os juros e cobrando tudo e mais alguma coisa. Vejamos o caso do Santander Totta, que em 2017 conseguiu 436,3 milhões de euros de lucro, mais 10,3% face a 2016. Neste banco, por exemplo um depósito de 50.000€, obteve no ano de 2017 juros de 287,23€. Por outro lado quem contrair um empréstimo do mesmo valor através da Conta Ordenado Select Mundo 123, à taxa que eles praticam, TAEG de 15,7%, pagará de juros 7.850€ por ano, ou seja uma diferença de 7562,77€. Resumindo: Se tiver depositados no banco 50.000€, o banco ganhará com o seu dinheiro, anualmente, 7562,77€, e o depositante, 287,23€. Distribuição justa e equitativa, não acha? Mas os lucros obtidos ainda não lhes chegam. Para além disso ainda têm a lata de (inovação recente) cobrarem a uma conta ordenado uma taxa de gestão mensal de 5,25€. Relativamente os pagamentos por transferência bancária, no respetivo “Comprovativo Registo Operação” já aparecem os seguintes campos: Comissão : 0,00 EUR; Imposto de Selo : 0,00 EUR; Taxa Telecomunicações : 0,00 EUR; IVA : 0,00 EUR, devidamente preparados e à espera que o banco resolva aumentar novamente os lucros e passe a cobrar taxas, como já cobra tudo o resto.

Infelizmente vejo a direita mainstream, compactuar com estas atuações neoliberais, não as classificando, como a coerência impunha, como sendo de “extrema direita”.