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Assimetria salarial

Numa altura em que os portugueses se mostram cada vez mais confiantes relativamente à evolução da situação económica do país, quer-se, naturalmente, um aumento do salário mínimo.

11,14€ - é este o reforço do salário mínimo mensal da RAM, comparativamente ao Nacional fixado em 557€. A oposição defende um aumento deste reforço até aos 30€ mensais.

Sabendo que nós, insulares, pagamos taxas mais elevadas relativamente a Portugal Continental e que os nossos preços são mais competitivos devido ao nosso principal serviço – o turismo – será este o reforço ideal? Será que devíamos aproximar-nos do praticado na RAA?

Ora, mantendo-se este suplemento adicional, os trabalhadores madeirenses, que auferem o salário mínimo conseguem, em cada ano, um encaixe de, aproximadamente, 130€ - o que não nos parece muito apelativo tendo em conta as dificuldades das famílias com este nível de rendimento. Não obstante, há que ter em conta que só as grandes economias podem disponibilizar níveis de salário mínimo mais elevados como são os casos da Alemanha, Holanda e também do Luxemburgo que garante o salário mínimo mais elevado entre os membros da UE.

Ainda assim, não nos podemos esquecer das pequenas e micro-empresas madeirenses que poderão não conseguir dar resposta a um aumento muito superior ao estabelecido, podendo, em ultimo caso, tornarem-se insolventes, a não ser que haja algum tipo de ajuda por parte do Governo.

O ideal seria um aumento, que se aproximasse do reforço de 5% praticado pelos Açores, sem nunca negligenciar o bom funcionamento e capacidade de sustentabilidade destas empresas podendo até, deste modo, traduzir-se num aumento da produtividade dos seus trabalhadores.

Apesar das estatísticas mostrarem que os portugueses estão mais confiantes em relação à situação económica e financeira do país, só com incentivos do Estado e, neste caso, do Governo é que poderemos reforçar, ainda mais, a confiança e o poder de compra das famílias, garantindo assim um crescimento da economia regional.