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Apresente queixa s.f.f.!

Já faz parte do nosso quotidiano, os atropelos, as negligências e as incompetências, que depois resultam em desastres, sejam incêndios, acidentes rodoviários ou outras situações mais ou menos ruinosas. Dos quais acidentes, julgo ainda sermos considerados campeões da Europa ... além do futebol! Em muitos destes casos, se alguém resolve telefonar e informar uma autoridade ... a resposta fatal será: - Tem de passar por cá para se identificar e fazer a queixa! Se opta por falar directamente com um dos intervenientes, um deles responderá mais ou menos assim: - Mas voçê, por acaso, tem alguma coisa a ver com a Polícia, ou quê? Por isso, se encontrar um grupo de “sócios” ou “amigos” a fazer um churrasco “fora da lei”, isto é, sem margem garantida de segurança, é provável vir saber a notícia ... nos Diários ou nos Telejornais, passadas quatro ou cinco horas ... - Deflagrou um incêndio de grandes dimensões numa mata da Serra da Azinheira ... ainda não sendo possível apurar a origem ou as circunstâncias do mesmo, etc, etc! Mas, para além tudo isto, uma denúncia, normalmente, acusatória, de um erro ou de uma falha humana ostensiva, é sempre mal recebida e interpretada e até funciona como uma “queixinha” ... do tipo, criança da instrução primária ao seu mestre! Quando afinal, essa denúncia pode resultar na prova única e efectiva do crime! A este propósito, relembro ... como era nos anos 70 e 80, os sinais de luzes cruzados entre automobilistas durante o dia, nas estradas do interior da nossa península ibérica, para avisar que havia polícia na estrada ou uma Operação Stop ... portuguesa ou espanhola? Por isso mesmo, ainda funciona no nosso país, o hábito distorcido, de que, denunciar um acto negligente, é declaradamente uma ofensa pessoal ao próprio executante. No meio de toda esta negligência - palavra desconhecida por metade do povo português - que muito trabalhou, mas pouco estudou ... completando com dificuldade a quarta classe - vão-se destruindo as matas e os pinhais, sejam privadas ou públicas, vão desaparecendo os haveres e as poupanças das pessoas, coitadas, vítimas delas próprias, dos seus vizinhos, ou de ovnis incandescentes ... e depois o Estado, ou seja, os seus contribuintes - porque o Estado, quando diz que paga as despesas, quem entrega esse dinheiro são os contribuintes - assume todas as responsabilidades. Isto é, os erros, falhas ou crimes de uns, têm de ser pagos por todos ou quase todos! Tenho de insistir convosco, que considero um incêndio, diferente de uma tempestade ou de um terramoto. E acho, sem mesmo pestanejar, que os incêndios são erros, ou excessos, ou crimes! Não há razão para passarmos sistemáticamente por estas fatalidades, que são evitáveis! Os terramotos, os furacões e as tempestades, não são! Diáriamente, observamos pessoas a fumar ou a telefonar nos postos de abastecimento de combustíveis! Se alguém refila com o sujeito ... sai a tal “boca” do género - Vocemeçê é Polícia ou manda aqui alguma coisa? E os responsáveis, trabalhadores nestes locais, estão-se a marimbar!

Ao invés de um amigo e colega, que também aqui escreve as suas esclarecedoras opiniões, mas referindo ser demais, aquilo que se fala e escreve sobre inçêndios ... a minha opinião, ainda é falar e dizer - uma vez mais - que há pessoas a queimar o País - sem dó nem piedade - desligando-se dos seus efeitos e resultados, com muitas conivências, diga-se, e com grande desatenção de quem governa, manda e decide - e que sem sombra de dúvida, desconhece a realidade do interior do País e das suas florestas.

Históricamente, no início da longínqua Monarquia, foi referenciado e não confirmado um caso de violência doméstica, e, muito recentemente, na nossa fresquíssima história actual, temos um ex-PM indiciado por uma catrafada de crimes. Provávelmente temos motivos sócio-históricos para sermos pouco competentes, pouco rigorosos e desenquadrados da realidade do País. Talvez seja por isso, que nas eleições - seja para que motivo for - só têm metade da população nas urnas! Mas, não acham que as pessoas com estes defeitos ou deformações e que não têm a percepção da realidade, devem ser denunciadas? Existe legislação em alguns países, a qual permite, a delação premiada - aquele acto traiçoeiro e “remunerado”que ajuda a solucionar crimes - o que seria uma solução indispensável para muitos casos, principalmente na detecção e prova de corrupção! Mas, em Portugal - ao que li e me fui informando - os advogados estão contra, os partidos do lado esquerdo também! Gostava de conhecer exactamente a razão, porque os partidos políticos têm de dar uma opinião sobre um factor de interesse superior da população portuguesa, do Estado e do seu funcionamento adequado, na execução da Justiça! Então estes assuntos não devem ser do interesse de todos? Têm alguma coisa a ver com a esquerda ou com a direita? Ficamos assim a perceber que, deste modo a elaboração duma lei com estas características, não será possível nesta Assembleia. Porque alguns dos políticos eleitos pelo povo não querem. Portanto, vamos continuar sentados, numa margem ... á espera da construção da ponte, ... para chegar á outra margem! E são esses políticos que desconhecendo as realidades, actuando por impulsos, resolvem de manhã, os problemas que aconteceram ontem á tarde. Desde incêndios a legionellas, passando pela banca, tudo se repete e irá repetir, porque a política do momento é a do “penso rápido”!

Estamos vivendo, aproveitando uma “boa onda” onde estamos a “surfar” de feição ... á custa de muita procura turística - e de tudo que a ela se associa - mas também estamos a sugar e a derreter o nosso património e o nosso futuro.

Mas, se acham que podem interferir ... têm de fazer uma queixa s. f. f.! Ao que chegámos!