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A Norte, de mal a pior

É urgente resolver esta questão dos transportes, também para aqueles que nos querem visitar e só a concorrência o poderá fazer

Como de costume de há alguns anos, passo as minhas férias, mês de Agosto, a meio das vinhas na freguesia do Seixal, concelho do Porto Moniz. Este ano não podia ser exceção, embora o Verão teime em não chegar cá, com temperaturas impróprias para a época, num ano de clima atípico, sem Primavera, muito nublado. Curiosamente alguém dizia que o Verão vinha pela Antiga Estrada Regional 101, que o Governo Regional fechou por falta de manutenção, ignorando o apelo das pessoas e comerciantes deste magnifico Município. A falta de turismo tem sido uma constante, que deixaram de encher os restaurantes da zona...

Hoje, dia do Monte, fui até ao Porto Moniz e fiquei admirado com a quantidade de pessoas que se via por lá. Fila com mais de 40 pessoas para entrar nas maravilhosas piscinas, mas que não corresponde a grandes movimentos na Restauração. Falei com várias pessoas ligadas ao sector e houve unanimidade que de ano para ano o movimento vai baixando perante o que os meus olhos viam perguntei: “mas esta gente não come?” Responderam-se que grande parte trás alguns produtos que se abastecem no hotel onde estão hospedados, enchem uma garrafa de água na torneira e enganam o estomago até ao jantar, que está incluído no pacote da viagem. Dizem-me que faltam os portugueses e os espanhóis, que sempre foram os melhores clientes. Atribuem as culpas a uma má promoção e aos preços praticados pelas companhias aéreas que nos deveriam servir e por a linha do ferry ter sido programada em cima da hora e a maior parte programa as suas férias com muita antecedência....

Ao sair de um dos restaurantes encontrei um motorista de carrinhas que costuma ir ao meu enoturismo no Seixal e falamos sobre o assunto. Ele contou-me o que se tinha passado hoje. Vinha com a carrinha cheia de turistas, com direito apenas à viagem e tentou vender alguns almoços a um preço de 25 euros por casal que incluía uma sopa, o filete de espada, uma sobremesa e vinho e quando chegasse à Ribeira Brava telefonava para o respetivo restaurante dando a encomenda das suas vendas. Uma carrinha cheia e não conseguiu vender um único almoço por 12,50 euros!!!!! Chegou ao Porto Moniz, os turistas saíram e foram até à piscina, esperando que regressassem à hora marcada e ele próprio ia almoçar.... Além disso disse-me que tinha tirado duas semanas de férias e que notou uma diminuição de turismo, embora só com duas semanas de diferença!!!!

Acabei o meu trabalho de visitar restaurantes e regressei a casa por volta das 14 horas, com muita gente nas piscinas, alguns restaurantes com meia dúzia de pessoas, os estacionamentos completamente cheios, pessoas comendo um farnel, um grande movimento de carros e perguntava a mim próprio onde é que iriam estacionar? Será este o turismo que a Madeira quer?

Porque os portugueses e os espanhóis, mudaram as suas opções já que eram os melhores clientes? Será que a governação da Madeira se tem preocupado com aqueles que nos visitam ou não. A Madeira depende mais daqueles que nos visitam, porque esses movimentam toda a nossa economia, criam empregos e na realidade é deles que os madeirenses precisam. É urgente resolver esta questão dos transportes, também para aqueles que nos querem visitar e só a concorrência o poderá fazer. Nunca será fixando preços por decreto, das passagens, marítimas ou aéreas que se resolverá o problema, mas provocando a chamada concorrência. Quando teremos, pelo menos mais uma companhia aérea a operar entre a Madeira e o Continente? Quando é que criaremos melhores condições para que existam mais agentes, naturalmente interessados nas nossas linhas?

Por outro lado temos que fazer a nossa parte no restante e não será cobrando entradas em miradouros, mantendo estradas e caminhos típicos fechados que se consegue trazer mais e melhores pessoas à Madeira. Por favor preocupem-se também com as questões de transporte de fora para dentro...