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A Madeira e a Agenda 2030

A Agenda 2030 e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável têm princípios comuns e relevantes

Sabendo que Portugal foi um dos países que desempenhou um papel activo na redacção do documento final e na contribuição da União Europeia para a Agenda 2030 e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, torna-se, no mínimo, curioso tentar perceber o papel, objectivos, acções, visão e importância que a Madeira, enquanto Região Autónoma, teve ou dedica a essas matérias. Um breve olhar pelas notícias, eventos ou outras referências acerca desta matéria a nível local revela muito pouco (para não dizer quase nada). Mesmo na área maior do desenvolvimento regional, o Turismo, passou-se ao lado do Ano Internacional do Turismo Sustentável. Sim, foi em 2017.

Tratando-se de um acordo global, a Agenda 2030 e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável encerram princípios comuns e relevantes para toda a humanidade, independentemente do estado de desenvolvimento em que cada país se encontre. Todos se comprometeram em torno desses princípios diversos que, no conjunto, estabelecem o que de modo corrente denominamos como Desenvolvimento Sustentável. Não como uma meta em si mas, como um caminho que se terá que percorrer, considerando sempre, nos processo de tomada de decisão, as dimensões económica, social e ambiental. Do ponto de vista prático, o estabelecimento e a identificação de 17 Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, vem facilitar o compromisso e a materialização da ideia, de forma realista e adequada a cada caso, escapando assim, à tradicional visão retórica que se associa aos acordos globais. Não há, pois, como fugir das responsabilidades ou ignorar os compromissos. Cada país, cada região e, no limite, cada cidadão, consciente e informado, pode estabelecer as suas metas face a cada um dos 17 Objectivos do Desenvolvimento Sustentável e, consequentemente, ser um agente activo, comprometido e participativo.

Mas isso só acontece se, efectivamente, houver informação e compromisso da parte institucional e dos agentes que mais responsabilidade possuem neste domínio. Daí a pergunta, feita a partir de uma análise expedita sobre, quantas vezes se ouviu, viu ou leu, na Madeira, falar sobre a Agenda 2030 e os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável? Seria interessante saber-se as razões de, praticamente, este assunto não fazer parte da agenda explícita, do governo, das autarquias, do parlamento regional, das organizações políticas partidárias e de tantos outros agentes com responsabilidades directas no processo de desenvolvimento regional. Não que isto queira dizer que não haja vontade e até muito trabalho no mesmo sentido do preconizado pela Agenda 2030. A curiosidade maior é saber o porquê do não envolvimento directo, da não identificação explícita, da distância (propositada ou não) face ao que poderia também ser uma afirmação de compromisso e reforço de uma identidade moderna, consciente e activa que, estou certo, a sociedade madeirense não deixaria passar ao lado. Estaremos efectivamente comprometidos com a Agenda 2030 e os Objectivos do desenvolvimento Sustentável quando parecemos não estar sequer identificados com ambos?