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A Festa

A Festa são as promessas para o Ano Novo, que não cumprimos mas repetimos

Dezembro é o mês da Festa e por esta altura já estamos todos com a cabeça nela – e enquanto a vivemos, há gente que trata dela. A Festa é para todos, mas a de todos é feita por alguns, que cuidam dela como tratamos da de cada um.

A Festa é uma cidade que se reinventa todos os anos, para continuar a ser a Festa de sempre com cara lavada; são os comerciantes de sempre com os que se somam por esta altura para darem mais vida à cidade – e para que possa ser assim são também os fiscais que sorteiam locais e ajudam a definir e cumprir editais.

A Festa são os Mercados com muitos mercados dentro: é a tradição de sempre feita todos os dias pelas mãos de novos e velhos comerciantes e de funcionários que todos os dias dão vida aos mercados municipais sem darmos por eles; são os enfeites que vêm para recordar que é tempo dela; é o Natal na Praça renovada a cada domingo; e é a Noite do Mercado que começa muitos dias antes e que para tantos acaba muitos dias depois.

A Festa é a Aldeia de Natal da Praça do Município para os mais pequenos e os Mercadinhos de Natal na Avenida Arriaga para os mais graúdos; é o Parque de Diversões no Cais 8 e o Funchal Sobre Rodas das Vespas ao Almirante Reis.

A Festa são as luzes de Natal que trazem as recordações de sempre, onde estão e onde este ano, por decisão de alguém, infelizmente não estão.

A Festa são os estudantes deslocados que chegam: os que pagaram o que não têm e aqueles a quem se estendeu a mão para poderem chegar; os que vêm para o Natal, mas que não ficam para o Fim do Ano, porque problemas pontuais passaram a sociais.

A Festa é um Dezembro que se faz o ano todo sem darmos por ela, a cada eleição, a cada decisão tomada e a cada discussão sobre para onde vamos e para onde queremos ir. Este ano a Festa também são políticos da mesma cor às avessas, mas que depois dela trarão aos madeirenses a prenda que tantos querem: uma solução que dê alento ao futuro, construído para todos e não para alguns.

A Festa são o 23 a 26 e o 31 que transformámos numa data só; são os familiares que estão e os que infelizmente já não estão; são os amigos que vêm e os que nunca chegam; são as casas de uns transformadas na casa de todos e a família dos outros transformada na nossa; são as tradições que eram, as novas e as que foram e ainda são; são as Missas do Parto, as do Galo e as que mais houvesse, para os que vão sempre e para os que nunca vão.

A Festa são as promessas para o Ano Novo, que não cumprimos mas repetimos, porque em tanto amor e carinho, em tanta amizade e reencontro, há sempre uma Esperança nova num futuro que ainda não vimos.

A Festa é o madeirense em estado puro, com o coração perto da boca, maior do que a razão, feliz com o que tem e crítico com o que não tem. A Festa é sabermos que no final de contas somos todos um a querer o mesmo e que enquanto quisermos não faltará o essencial a nenhum.

A festa é de todos, assim queiramos vivê-la felizes com o essencial que temos; a Festa é minha, é nossa, é vossa – e como é “bonita a [nossa] Festa, pá!”