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A Caixa fora da caixa

Para ambos tentarem sair menos desfocados da fotografia, encontrou-se um «erro de perceção mútuo»...

Não eram às dezenas... Centenos de assuntos poderíamos abordar, mas o mais badalado é o caso da Caixa Geral de Depósitos. Bem sei que é um tema que já cheira mal (se a fragrância não era das mais consensuais, o odor está agora irremediável e reconhecidamente putrefacto), mas é importante que o esmiucemos muito para além do decidir quem ganhou ou perdeu este braço de ferro.

De um lado esteve um ministro das finanças que apesar de ser de Olhão, revelou não ter olho nenhum para a forma como convidou António Domingues (Pinta para os amigos) para liderar o banco do Estado. Colocou-se de cócoras (com todos os riscos que isso acarreta) e aceitou (por mais que tente escamotear) as condições impostas. Das duas, uma... Ou achou que ia ser mais “sabido” e que no final o ex BPI teria que aceitar os verdadeiros requisitos, ou foi comido de cebolada (de forma consentida claro). Terá sido, a meu ver, um pouco das duas!

Atentem que o ex novo (?!) presidente da CGD não é bruto. De todo. (Não é por acaso que não fez a segunda classe! De tão evoluído que era, saltou da 1ª para a 3ª... Nada contra! Já vimos licenciaturas concedidas por bem menos) Uma vez que estava já a pensar em reformar-se, só aceitaria esta missão se realmente fosse tudo do seu jeito.

Ordenado principesco, sim. Isenção de declaração de rendimentos, pois claro que sim.

Tratou-se então de pedir a um escritório de advogados que “desenhasse” este fato à medida. Surgiu a exclusão do Estatuto de Gestor Público. Pensou-se que assim estaria resolvido o imbróglio. Puro engano. Nem isso dispensava a declaração de património junto do Tribunal Constitucional. Disso fugia o agora ex Presidente e a sua equipa como o diabo da cruz (de tal forma que me deixa curioso sobre o porquê de tanta intransigência na recusa da partilha dessa informação). Começou a discórdia. Acabou a hipótese fora da caixa da Caixa.

Para ambos tentarem sair menos desfocados da fotografia, encontrou-se um «erro de perceção mútuo»... Ficamos assim! Fingimos que sim.

Na (minha) verdade, foram antes dois inteligentes a querer ver quem era o mais esperto! Um está mais perto de se dedicar à vela (seu hobby) e o outro, ou muito me engano ou, não demora muito a ir de vela! Prova disso é o “voto de confiança” do professor Marcelo que o mantém no cargo (por ora) pelo «estrito interesse nacional». Tem que ser mesmo nacional, porque eu não tenho nenhum.