Artigos

100 Anos da morte de Manuel de Arriaga

1. Está a decorrer a comemoração dos 100 anos da morte de Manuel de Arriaga.

Nascido na cidade da Horta/Faial em 1840, muito cedo chega ao meio académico de Coimbra, ambiente que veio contribuir grandemente para revolucionar a sua educação católica e conservadora, recebida no meio familiar.

Aqui começa a conviver com os jovens anti regime, entra em conspiratas contra a orientação da Universidade, entusiasma-se com as Conferências do Casino da geração de 70, grupo onde tinha alguns amigos, nomeadamente o seu conterrâneo Antero de Quental, acabando por incarnar um sólido espírito Republicano, o que lhe trouxe graves problemas de relacionamento familiar com um pai miguelista, que lhe corta a mesada, pelo que teve de arranjar formas de sobrevivência através de explicações.

2. Em 1875, instala-se em Lisboa com o seu escritório de advogado.

Três anos mais tarde torna-se candidato a deputado com o apoio dos republicanos federais, iniciando assim a sua vida política activa.

Entra várias vezes para o Parlamento, como deputado defensor das ideias republicanas e aí, devido à sua capacidade de intervenção e de apresentação de propostas vai granjeando prestígio e simpatia popular. É tido como deputado do povo, defensor dos seus problemas.

Em 1883, é eleito deputado pela Madeira, no meio de um processo eleitoral muito confuso e conturbado, na sequência da morte do deputado madeirense Freitas Branco que era necessário substituir.

Ainda se candidata outras duas vezes, sem sucesso, saindo derrotado por várias razões: mudança de esquema eleitoral onde o campo passou a pesar mais em termos relativos que a cidade e, também, devido às fragilidades do próprio Partido Republicano na Madeira.

Após o 5 de Outubro de 1910, a Madeira republicana lembra-se de Manuel de Arriaga. Convida-o para candidato a deputado que, uma vez eleito, entra para a Constituinte, tornando - se em 2011, o primeiro Presidente da República de Portugal.

Manuel de Arriaga, então deputado pelo círculo da Madeira, pelo seu prestígio, recebe o voto maioritário para tão elevado cargo político, de entre os seus pares no Parlamento.

E é nesta qualidade de deputado pela Madeira, designado primeiro Presidente da República de Portugal.

3. A maior parte da vida de Arriaga como político está muito mais ligada à Madeira do que aos Açores.

Neste contexto, a Tertúlia de Madeirenses em Lisboa, uma associação informal com quase 20 anos de vida e objectivos e actividades viradas para o convívio, cultura, informação/conhecimento decidiu promover nos seus jantares mensais uma sessão sobre o cidadão e político Manuel de Arriaga com realce para o seu relacionamento com a Madeira.

Este jantar convívio de informação, conhecimento e cultura desenrolou-se no dia 9 de Outubro último.

Foi a iniciativa de arranque de actividades do ano de 2017/ 2018 que, na Tertúlia, fazemos coincidir com o ano escolar, indo por conseguinte até Julho inclusive.

Para esta sessão, a nossa convidada foi a Investigadora Doutorada em História Contemporânea, Joana Gaspar de Freitas, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, uma das pessoas mais preparada e que melhor conhece a obra política e cultural de Manuel de Arriaga com uma tese de mestrado: Manuel de Arriaga, Percurso Intelectual e Político de um Republicano Histórico (1840-1917), para além de outras obras e conferências.

Joana Gaspar de Freitas proferiu uma intervenção de altíssima qualidade sobre a vida e a obra de Manuel de Arriaga muito virada para as suas relações com a Madeira e, de tal maneira que, pela primeira vez, na história da Tertúlia se decidiu continuar com o tema Manuel de Arriaga no próximo jantar de 6 de Novembro.

A este jantar associou-se o bisneto Dr. Jorge de Arriaga, médico que vive e exerce actividade no Algarve.

Porém, a Tertúlia de Madeirenses em Lisboa pretende ir um pouco além e tem programada uma homenagem muito simples a Manuel de Arriaga, no Panteão Nacional, onde decorre, neste momento, uma exposição sobre o primeiro Presidente da Nação após a Implantação da República no 5 de Outubro de 1910.

Esta homenagem constará de um ramo de flores típicas da Madeira, umas palavras curtas de evocação a Manuel de Arriaga e uma actuação do coro Audite Nova de Lisboa.

Podemos assegurar dos contactos havidos com a Directora do Panteão que esta homenagem se realizará nos finais do mês de Outubro.

Com esta iniciativa, a Tertúlia de Madeirenses em Lisboa apenas chama a atenção para o papel que Manuel de Arriaga desempenhou na criação do ambiente republicano em Portugal durante a Monarquia e na Primeira República durante o tempo em que viveu, uma vez que faleceu em 1917.

Manuel de Arriaga merecia muito mais é um facto. Mas fazemos aquilo que está ao nosso alcance e para nós o que esta iniciativa da Tertúlia assume um elevadíssimo valor simbólico.