Análise

Momentos aflitivos

Talvez a maioria não se aperceba da dimensão do fenómeno por que está a passar a Venezuela e, como consequência directa, também milhares de famílias madeirenses. Lá e cá.

Os últimos dias têm sido dramáticos, mas paradoxalmente plenos de esperança. Os próximos serão ainda mais decisivos para o futuro daquele enorme país da América Latina e, por tabela, para imensa gente ligada à Madeira.

Os momentos aflitivos atingiram o ponto actual em virtude da auto-destruição de um grande país como a Venezuela, encetada pelo ‘mito’ Hugo Chávez e acelerada pelo presidente-fantoche que o sucedeu no poder. Se ‘El Comandante’ sempre revelou a inteligência para recuar quando se acercava do ‘precipício’, Nicolás Maduro tem mostrado nestes quatro anos que, para além de muito mau discípulo, não tem nenhuma estratégia. Para a história vão ficar diversos momentos ridículos deste homem, tão ridículos quão verdadeiramente prejudiciais para o país.

Porventura será necessário a Venezuela decair ainda mais, para só depois ser possível reerguer-se. A complicar a terrível situação político-social a que chegou o país, está o facto do ‘poder bolivariano’ ainda ter na mão sectores fundamentais, como as forças militarizadas e os bandos de criminosos armados pelo regime chavista e a quem o próprio Chávez classificou de “vigilantes da cidade”.

A próxima quarta-feira será o momento do tudo ou nada. Os oposicionistas e os populares que agora se vêem com fome e sem medicamentos, apostam tudo no cansaço das forças militarizadas e na falta de liderança do país. Cuba terá outra vez um papel fundamental, mas mesmo em Havana começaram a soprar outros ventos.

Ninguém sabe o que nos reserva a História. Mas o que tiver de acontecer que aconteça depressa.