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Senadora australiana anti-muçulmanos usa ‘burqa’ no parlamento

Foto EPA
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Uma senadora australiana provocou hoje a indignação dos seus pares ao envergar uma ‘burqa’ no parlamento, como parte da campanha que está a realizar pela proibição nacional de trajes islâmicos que cubram o rosto.

Pauline Hanson, líder do pequeno partido anti-islâmico, anti-imigração One Nation, sentou-se no seu lugar usando a peça de vestuário preta da cabeça aos pés durante mais de dez minutos, até se levantar e a despir para explicar que queria que peças como aquela fossem proibidas por motivos de segurança nacional.

“Há uma grande maioria de australianos que desejam ver a ‘burqa’ proibida”, disse Hanson, uma fã confessa do Presidente norte-americano, Donald Trump, como os senadores observaram.

O procurador-geral australiano, George Brandis, obteve aplausos quando declarou que o seu Governo não vai proibir a ‘burqa’ e criticou Pauline Hanson por aquilo que descreveu como um “número” que ofendeu a minoria muçulmana da Austrália.

“Ridicularizar aquela comunidade, empurrá-la para um canto, escarnecer da sua indumentária religiosa é uma coisa horrível, e peço-lhe que reflita sobre aquilo que fez”, disse Brandis.

A líder da oposição no Senado, Penny Wong, disse a Hanson: “Uma coisa é usar um vestido religioso como um sincero ato de fé; outra é usá-lo para chocar aqui no Senado”.

Sam Dastyari, senador da oposição e muçulmano de origem iraniana, disse: “Acabámos de assistir à acrobacia de todas as acrobacias nesta câmara, protagonizada pela senadora Hanson”.

“Os quase 500.000 australianos muçulmanos não merecem ser atacados, não merecem ser marginalizados, não merecem ser ridicularizados, não merecem que a sua fé seja usada para provar um ponto de vista político pela desesperada líder de um partido político desesperado”, defendeu Dastyari.

O presidente do Senado, Stephen Parry, indicou que a identidade de Pauline Hanson foi confirmada antes de ela entrar na câmara parlamentar e acrescentou que não ditará regras sobre a indumentária a usar ali.

O parlamento australiano segregou durante um breve período mulheres envergando ‘burqas’ e ‘niqabs’ em 2014.

O departamento que dirige o edifício do parlamento decretou que “pessoas com o rosto coberto” não seriam autorizadas a entrar nas galerias do edifício abertas ao público.

Em vez disso, seriam encaminhadas para galerias habitualmente reservadas a crianças barulhentas, onde poderiam sentar-se por detrás de vidro à prova de som.

Tal medida foi batizada como ‘proibição da burqa’ e foi amplamente condenada como uma segregação das mulheres muçulmanas, bem como uma potencial violação das leis antidiscriminação.

As autoridades cederam, permitindo a presença de pessoas com o rosto coberto em todos os espaços públicos do edifício do parlamento, depois de essas coberturas serem momentaneamente retiradas na portaria para que os funcionários pudessem verificar a identidade dos visitantes.

A razão por detrás da segregação nunca foi explicada, mas parece ter sido desencadeada por um rumor divulgado via rádio em Sydney segundo o qual homens usando ‘burqas’ estavam a planear uma manifestação anti-muçulmanos no edifício do parlamento.