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MNE português insiste em diálogo político para solucionar crise na Venezuela

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O ministro dos Negócios Estrangeiros português escusou-se hoje a falar sobre uma eventual imposição de sanções à Venezuela, defendendo ser necessário criar condições para que as partes se sentem à mesa para encontrar uma solução duradoura.

Augusto Santos Silva, que falava aos jornalistas no final de uma reunião de trabalho com o homólogo togolês, Robert Dussey, insistiu na ideia de que é preciso cumprir vários requisitos para que se possa avançar para a normalidade na Venezuela.

“A posição portuguesa é muito simples: é preciso acompanhar a evolução na Venezuela com todo o cuidado e atenção e devemos estar do lado daqueles que querem favorecer um diálogo político entre as partes, capaz de chegar a uma solução política duradoura”, sublinhou Santos Silva.

“Para isso, há condições que nos parecem essenciais, como a libertação dos opositores políticos que estão presos, mesmo que seja em prisão domiciliária, como o respeito de todas as partes pelo princípio da solução pacífica dos diferendos, pelo respeito pelo direito à manifestação e pelo regresso ao calendário eleitoral que há muito está determinado. Isso implica fazer eleições regionais que deveriam ter tido lugar já no ano passado, e preparar as eleições presidenciais do futuro próximo”, explicou.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Portugal “está do lado daqueles que favorecem” um diálogo político inclusivo, capaz de chegar a uma solução política duradoura.

“Esta é a posição, também, da União Europeia.”, afirmou.

Sobre o referendo organizado domingo pela oposição venezuelana, Santos Silva destacou a adesão popular “muito significativa”, o que deve encorajar as partes a avançar para o diálogo político necessário.

“Julgo que o resultado dessa consulta tem de ser passos em frente de ambas as partes para o diálogo político que é preciso fazer na Venezuela”, sublinhou.

Na Venezuela, as manifestações a favor e contra Maduro intensificaram-se desde 01 de abril passado, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças, que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.

Quinta-feira, a oposição anunciou que 85% dos venezuelanos aderiram à greve geral realizada no mesmo dia, em mais um protesto contra a eleição da Assembleia Constituinte, convocada por Maduro, e prevista para 30 deste mês.

“Depois de 7,5 milhões se expressarem no último domingo [no plebiscito simbólico contra Maduro], hoje [quinta-feira] 85% do país cumpriu a greve cívica activa”, anunciou o presidente do parlamento, Júlio Borges, no Twitter, onde publicou um mapa com as regiões do país que paralisaram.

A 01 de maio, Maduro anunciou a eleição de uma Assembleia Constituinte para alterar a Constituição, o que intensificou os protestos. Para a oposição, a Assembleia Constituinte vai acabar com a democracia no país e impor um regime comunista ao estilo de Cuba.

Os protestos contra Maduro já provocaram 100 mortos desde o início de abril, anunciou hoje o Ministério Público venezuelano.

A centésima morte foi de um jovem de 15 anos, morto na quinta-feira durante uma manifestação no Estado de Zuila (oeste do país), durante a greve geral realizada naquele dia e que foi convocada pela oposição.