Videoclip que retrata a violência racial nos EUA atinge perto de 170 milhões de visualizações

Começa com um funk agradável a evocar a alegria dos ritmos africanos mas, num décimo de segundo, cai uma arma nos braços de Gambino e o som de um disparo, transforma a dança tribal num ‘hip hop’ poderoso, invocando a violência racial e a discriminação social contra a população negra.

Estamos a falar de ‘This is America’, o videoclip de Childish Gambino, o manifesto que serve crua a realidade norte-americana e que, apenas em 17 dias, já obteve perto de 170 milhões de visualizações no Youtube, assaltando o top de audiências e o trono do ‘Billboard Hot 100’.

Desde que o videoclip foi apresentado, há duas semanas, no Saturday Night Live, que as opiniões se dividem entre os que vêem ali uma representação artística bem conseguida e em tom crítico sobre a violência racial e outros que além de não reverem a realidade do país ali retratada também acusam o músico de procurar a fama à custa da violência.

Childish Gambino já foi confrontado sobre que mensagem pretende passar com este ‘This is America’, mas o músico recusou-se a explicar, optando por deixar a interpretação ao critério de cada um. “Não me cabe a mim dizer”, respondeu ao site TMZ.

Controvérsia à parte, a crítica das revistas da especialidade são consensuais na análise que fazem a ‘This is America’. A facilidade com que as armas chegam às mãos de Gambino e é disparada é uma representação da venda livre de armas nos EUA e da forma indiscriminada como os crimes ocorrem. No videoclip vê-se também que a arma do crime é logo recolhida num pano vermelho por alguém, numa alusão à impunidade e à eliminação de provas.

Por outro lado, o ataque ao coro de gospel é vista como uma referência ao massacre na igreja de Charleston, em 2015, um dos episódios de violência racial contra os afro-americanos nos EUA.