Um fato à medida

Brincando um pouco com o (des)acordo ortográfico, é tema quase obrigatório, visto todos os dias serem publicados nos meios de comunicação algo que já se tornou um flagelo para o país. Fazendo referência e adaptando a um antigo slogan deste matutino, e que ainda prevalece na boca do povo, dia sem corrupção em Portugal não é dia! Tal facto vem ao de cima as recentes polémicas, desacordos, comentários, reprovações, denuncias, recusa, devoluções, renuncias e ou aprovações no que concerne ao subsídio de mobilidade dos deputados das regiões na A.República. Sem dúvida que é um facto ter-se criado a lei à medida de quem a vai utilizar no caso os mesmos , pois para o comum dos cidadãos a lei sobre o mesmo assunto é transcrita e interpretada de outra forma sendo ela com a mesma função. Um cidadão que queira deslocar-se ao continente, terá inicialmente de pagar o total do custo da viagem e só depois de utilizar será reembolsado parcialmente, custe 80, 100 ou 400€; enquanto que um deputado a lei «legalmente» concebida, permite que mesmo não utilizada a viagem, (tem direito) a receber o valor do custo da mesma com base em 500€, valor de um salário mensal. Ora sabendo de antemão que, o facto de viajar de e para o continente, além das muitas condicionantes que isso acarreta desde ter uma única opção, o meio aéreo, pois do transporte marítimo por ferry parece que definitivamente só se o mar garantir ondulação fraca permanente, o comum dos cidadão tem que ter o dinheiro disponível para viajar,enquanto os senhores deputados viagem ou não, têm o equivalente ao ordenado mínimo, garantido para andarem cá e lá. Não será propriamente revoltante, pois quem criou a lei foram os mesmos que com a nossa inconsciente aprovação mediante o nosso voto colocámos lá, para agora virem «aproveitar-se» da ingenuidade dos eleitores e dizerem que não estarão a cometer nenhum delito apenas aceitam as condições que a lei por eles aprovada determina. Valha-nos a nossa ignorância de cidadãos ingénuos e que ainda acreditamos na boa vontade daqueles que, seriam à partida os eleitos defensores do povo. Será que para acabar com todas estas dúvidas, ao abrirem-se as portas à livre concorrência, a vários meios de transportes que possam operar de e para a região com mais do que um operador, seria uma solução? Quando foi construída a 1º ponte sobre o Tejo muitos cacilheiros protestaram que iria faltar-lhes trabalho, isso mesmo no antigo regime, hoje operam várias empresas, duas pontes e à vezes nas horas de ponta nem dão vazão a tanto tráfego, será que teria-mos o mesmo desfecho num movimento de tráfego aéreo e portuário com as devidas condições?

A.J.Ferreira