O défice e a dívida

São dois dos mais importantes indicadores de análise do desempenho económico/financeiro da administração de qualquer entidade económica. A dívida é sempre necessária para financiar os investimentos seja qual for o setor. No privado deverá satisfazer três condições: 1ª o seu custo deverá ser inferior à rendibilidade do investimento (caso contrário é melhor ser credor que investidor). 2ª os meios financeiros libertos pela exploração do investimento cobrirem o serviço da dívida. 3ª o seu montante não colocar em causa a autonomia financeira da entidade face aos credores. O défice ou prejuízo de um determinado período, normalmente um ano, é a insuficiência dos rendimentos do investimento, obtidos através da sua exploração, relativamente aos respetivos gastos, o que significa rendibilidade negativa que terá como consequência inevitável a morte das entidades privadas, a ruina dos seus proprietários e ao desemprego dos seus colaboradores. O excedente ou lucro é a situação precisamente inversa a qual constitui o imperativo exigido pelos investidores privados à realização dos seus investimentos. No setor público os défices crónicos do Estado têm sido financiados com dívida a qual tem crescido sem parar e a qual deverá ser paga com excedentes ou aumento de impostos sendo esta a solução normalmente posta em prática. No setor público o retorno pretendido com os investimentos é constituído pela criação das condições necessárias para que o setor privado possa concretizar os seus investimentos fazendo crescer a economia com mais emprego, rendimentos, consumo e produção e ao mesmo tempo beneficiar as contas do setor público com mais receitas por via do aumento dos impostos sem que tal resulte do agravamento das taxas de incidência que até podem ser diminuídas. Só desta forma poderão existir excedentes sustentados no setor público devendo evitar-se ao máximo investimentos inúteis (elefantes brancos). O livro “Porque falham as Nações” é bastante explícito quanto ao papel do Estado na economia. John Keynes considera que o motor económico do Estado pode e deve intervir na economia de forma decidida mas pontual e apenas quando o motor económico do setor privado não funcione devidamente devendo contudo retirar-se quando este recupere.