Ferry e os milhões do subsídio

O ferry não vem substituir o avião no transporte regular de pessoas de e para a região, não tem impacto significativo no turismo, nem no preço das mercadorias transportadas a menos que houvesse subsidiação. Subsídio que sairia do OR, dos impostos pagos pelos madeirenses utilizassem ou não o ferry, falando-se num valor anual entre dez e doze milhões de euros. É necessário construir um novo hospital, melhorar os atuais serviços de saúde com a contratação de mais profissionais qualificados, pôr em prática um plano de ordenamento florestal e iniciar uma verdadeira reforma da nossa floresta investindo seriamente na prevenção dos incêndios, investir na captação e construção de reservatórios de água para rega e combate aos incêndios, acabar com os desperdícios e renovar a rede de distribuição de água potável, e não há dinheiro suficiente! Vamos então gastar anualmente dez a doze milhões de euros dos nossos impostos para subsidiar uma minoria para ir de férias de barco? É um perfeito absurdo! Aliás se os nossos políticos incluindo os que nos representam no PE estivessem realmente interessados em esbater os custos da nossa insularidade, certamente pugnariam todos para que os subsídios para esse efeito, quer para as viagens dos madeirenses por avião ou barco, quer para o transporte de mercadorias, fossem obrigatoriamente suportados pelo orçamento comunitário. Também a ideia de os madeirenses que viajam de avião nada pagarem seria outro absurdo que interessaria sobremaneira a quem anda sempre cá e lá, pois esse “nada” seria também subsidiado pelos nossos impostos. Obviamente que viajar terá sempre um custo, custo esse que para ser justo deveria ser calculado por comparação ao que tem um português em Portugal Continental para viajar no meio de transporte mais económico quando tem de percorrer uma distância semelhante à que os madeirenses percorrem para ir a Portugal Continental. Qualquer subsidiação através das receitas dos nossos impostos não é mais do que dar com uma mão e tirar com a outra!

T.C.